Total de visualizações de página

sábado, 30 de outubro de 2010

TUDO O QUE MOVE É SAGRADO

Amigos (as)
Que Jesus Cristo e Nossa Senhora Aparecida derramem uma chuva de bençãos neste dia 31, para que o 13 seja o número escolhido, afim de podermos prosseguir sonhando e construindo um país de homens e mulheres justos, belos, sábios e livres.
Abaixo um artigo publicado em jornal impresso no ano de 2005, em meio eletrônico no ano de 2008 e que merece ser trazido a baila neste momento.

Zezito de Oliveira · Aracaju, SE
13/12/2008 ·
"Toda arte que nos move a buscar a vida em plenitude é sagrada".
"Mesmo que o poeta seja ateu, um bom poema sempre nos aproxima de Deus".

Uma das coisas mais interessantes que confirmei no estudo sobre o Salmos — um livro poético/espiritual do primeiro testamento, — realizado com o monge beneditino Marcelo Barros(1), no ano de 2003, é que todos os escritos da Bíblia sobre o Deus-Amor são verdadeiramente palavra/vontade de Deus.

Aqueles que apresentam um Deus machista, preconceituoso, autoritário, ciumento e violento expressam o sentimento humano. Como exemplo podemos lembrar do mandamento “amar a Deus sobre todas as coisas”, complementado por Jesus Cristo, “e ao próximo como a si mesmo”.

Portanto, o que está escrito na Bíblia, que nega ou contradiz isso, deve ser compreendido, buscando entender suas limitações no tempo (história), a injunção da política (relações de poder) e o contexto cultural.

O escritor russo Tolstoi também afirmou a mesma coisa quando disse que “onde existir o amor, Deus aí está”.

Buscando apresentar de que forma este amor de Deus pode se tornar exemplo vivo a partir da prática do cotidiano, em Mateus vemos escrito: “Tive fome e me deste de comer, estive nu e me vestiste, estive preso e me visitaste”.

Neste sentido, um povo que se diz cristão e não consegue resolver o problema da fome, da injustiça e da violência, especialmente contra os mais indefesos e vulneráveis, não pode ser reconhecido por Jesus Cristo como irmãos e filhos do mesmo Pai. “Não é aquele que diz Senhor, Senhor que entrará no Reino dos Céus”.

Não é à toa que ouvimos algumas vezes a expressão: “De bem intencionados (ou de ‘cristãos’) o inferno está cheio”.
Quem leu o texto, ou assistiu à peça ou ao filme “O Auto da Compadecida” pode entender muito bem o que isso significa.

No caso do Brasil, o combate à fome tornou-se prioridade por parte da sociedade civil, a partir das iniciativas de Betinho, que liderou um movimento social de grande envergadura nos idos da década de 90, em consonância com o mandamento evangélico “Dá-lhes vós mesmos de comer”, e da parte, do governo, a partir de 2002, com a eleição do Presidente Lula, que criou o Programa Fome Zero, atualmente bastante limitado à distribuição do Bolsa Família, embora concebido para ir muito além.

Quando Frei Betto(2) apresentou o programa Fome Zero para a sociedade civil em Sergipe, no ano de 2003, eu disse naquela ocasião — reforçando o pensamento dele, — que embora seja um imperativo moral e ético combater a fome orgânica, a fome do corpo, o Evangelho nos lembra que “nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”.

Essa palavra que não se expressa somente através do signo verbal, pode se revelar também através da música, da dança, da pintura, do cinema e de várias outras manifestações artísticas, mesmo quando músicos, poetas, dançarinos, pintores, cineastas e escritores não falam ou não acreditam em Deus.

Porque nosso Deus é o Deus da Vida: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”, e toda obra de arte que denuncia a injustiça e/ou promove a vida é sagrada.

Um exemplo dentre tantos é a obra de Chico Buarque(3). Quando ele canta “Mulheres de Atenas”, recorda-me o Jesus que entendia e sabia dialogar tão bem com a alma feminina, como no exemplo de Madalena. “João e Maria” me recordam o Jesus menino ouvindo as histórias e as cantigas de ninar que certamente Maria contou e cantou para seu filho. “Cálice” me lembra o Jesus torturado que sofreu tanto que até suspirou “pai, afasta de mim...”. “Assentamento” me recorda o Jesus sem-terra e sem-teto, que antes de nascer do ventre de Maria, já fugia do poder cruel e opressor que ainda hoje persegue milhares de famílias cujos filhos nascem embaixo das lonas dos acampamentos dos sem-terra ou debaixo das marquises e dos viadutos.(4)

Daí as possibilidades da criação artística como fonte para buscarmos saciar a fome de justiça e de beleza(5), e na perspectiva de neutralizarmos a força das idéias ou expressões estéticas que além de nos empobrecer culturalmente, insistem em querer nos afastar permanentemente do contato com a realidade, reforçando o individualismo, desvalorizando tudo aquilo que se refere aos cuidados com a coisa pública, a preservação dos bens naturais e o legado cultural que herdamos dos nossos ancestrais. (6)

Tudo isso lamentavelmente disseminado também através de linguagens artísticas, principalmente da música e de pregações (discursos) que abusam de elementos cênicos/teatrais.

Artigo originalmente publicado no jornal Cinform em fevereiro de 2005 com o titulo: Arte na cesta básica de todos.

Leia mais em:

http://www.overmundo.com.br/overblog/tudo-o-que-move-e-sagrado-1

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog