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quarta-feira, 7 de maio de 2014

O uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula



O uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula
Simpósio temático: A sala de aula em perspectiva: desafios e abordagens.

Luciere Cavalcante da Silva[1]



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RESUMO: Neste artigo apresentamos o resultado do projeto de pesquisa cujo intuito consistiu em investigar a importância de como fazer aulas interdisciplinares para estudantes do ensino médio. Este trabalho tem três objetivos: fazer uma discussão metodológica inicial da mitologia (mito) versus História; o uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula, como também apresenta a uma reflexão sobre a interdisciplinaridade. Quem escreveu o mito, ninguém sabe mais é uma verdade transmitida de geração em geração dentro de um determinado grupo. Porque não foi ninguém que contou, ninguém inventou, mas foi algo que aconteceu para determinadas realidades. Embora trate de feitos e aventuras de um imaginário já perdido no tempo, longe do nosso dia-a-dia tecnológico, os mitos continuam a seduzir as pessoas. Já a História busca estabelecer relações entre as diversas produções da cultura e os achados arqueológicos para compreender os processos históricos. Então a Arqueologia é essencial para compreendemos, o uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula, já que, a Arqueologia é o estudo do antigo, o conhecimento neste campo se obtém pela observação e estudo sistemáticos, e os fatos descobertos são avaliados e classificados num conjunto organizado de informações. Na perspectiva escolar, sabemos que a interdisciplinaridade não tem pretensão de criar novas disciplinas. Nesse sentido buscou-se fazer uma coleta dos dados com base no corpus teórico e procedimentos como observação, aulas voltadas para o que se propõem acima.

Palavras-chave: História, Sala de aula, Bíblia.

Introdução

O presente artigo apresenta algumas reflexões sobre as dificuldades dos professores da rede pública de ensino de História, sentem na hora de elaborar aulas interdisciplinares, para estudantes do ensino médio. Tais reflexões efetivaram-se durante a experiência obtida como bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação á Docência (PIBID) de História, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – (CAPES), que tem como intuito promover a melhoria na formação docente de nível básico a futuros licenciados, tendo em vista também contribuir de maneira rápida na formação dos graduandos e em longo prazo, na elevação da qualidade de ensino nas escolas públicas do país.
Tendo como coordenadora do subprojeto - História 2009 a professora Doutora Fátima Martins Lopes. No plano de trabalho do subprojeto – História 2009, é mostrado: “que ao longo dos últimos anos á Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vem reconhecendo a importância da formação inicial e continuada do professor exige que a instituição dê especial atenção à educação básica”. Há um verdadeiro encontro das iniciativas propostas pela UFRN com as dos PIBID, que objetiva entre outros potencializar a formação dos licenciados no que diz respeito ao trabalho em sala de aula de forma crítica e reflexiva.
Este projeto permite conciliar teoria e prática, tendo como propósito identificar os métodos de ensinar a disciplina de História, e assim contribuindo para a formação docente, que de acordo com as Diretrizes Curriculares Dos Cursos de História os graduandos em específicos os licenciados devem ter “domínio dos métodos e técnicas pedagógicos que permitam a transmissão do conhecimento para os diferentes níveis de ensino”. O alcance do projeto é amplo, pois proporciona condições necessárias para os estudantes desenvolverem o pensamento crítico em suas atividades, bem como compreenderem o contexto social, cultural, político e econômico em que se vive.
O projeto tem como eixo temático leitura crítica de fontes históricas sobre o Império Persa, que são importantes para a compreensão de fontes históricas e para a formação humana na contemporaneidade. Para tanto, foram utilizados alguns materiais didáticos que auxiliaram na pesquisa sobre o tema e no planejamento das aulas, tais como: livros, imagens e inscrições foram alguns materiais utilizados nas estratégias adotadas na metodologia de ensino na turma do 1º ano “A” noturno da Escola Estadual José Fernandes Machado na cidade de Natal estado do Rio Grande do Norte.
Já que Uma vez que, ultimamente a sociedade brasileira passa por grandes mudanças e transformações em sua estrutura como um todo, um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. A escola como lugar de aprendizagem, por sua vez, não pode ser isenta das mudanças, já que segundo a Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, capítulo 2 do ensino médio Art. 35. II – “A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores” Leis de Diretrizes de Bases (LDB). Então, a escola como um espaço privilegiado deve permitir o acesso dos sujeitos às novas diretrizes curriculares e como também abarca as exigências do mercado e este colabora para nosso desenvolvimento enquanto futuros professores de História.
Como um dos principais agentes de mudanças, o professor, aquele que está presente dia-a-dia com os estudantes na sala de aula, deve sentir a necessidade constante de propor novas formas de aperfeiçoamento profissional que, dependendo do seu público alvo constitui-se em novas formas de ensino, que na proposta de reforma curricular do ensino médio, a interdisciplinaridade tem como finalidade de ser compreendida a partir de uma abordagem relacional, em que se propõe que, por meio da prática escolar, sejam estabelecidas interconexões. Então, entende-se que a integração dos diferentes conhecimentos pode proporcionar condições necessárias para uma aprendizagem motivadora, na medida em que favorece maior liberdade de escolhas e estratégias, aos professores e estudantes para a seleção de conteúdos mais diretamente relacionados aos assuntos.
Desenvolvimento

A preocupação é desmistificar a visão que se tem da disciplina de História, muitas pessoas elucidam como decorativa de datas e nomes importantes de heróis e muito extensa de conteúdos. Sabemos que esse foi um legado deixado pela historiografia, que predominou durante os períodos difíceis, que privilegiou os grupos dominantes e excluiu os agentes transformadores. O papel do professor e educador de História é desmitificar ideias de que existem heróis que lutam sempre pela maioria e que os ditos indivíduos comuns não têm capacidade de transformação por possuírem uma natureza passiva e condicionada. Portanto, o historiador precisa esclarecer para os estudantes que eles são também agentes da história e que podem transformar a realidade em que vivem.
Nessa perspectiva de investigar a importância de fazer aulas interdisciplinares para estudantes do ensino médio, logo vem em mente uma busca desenfreada para utilizar vários recursos didáticos. A utilização de novas tecnologias em sala de aula, que introduzem o vídeo, o filme, a produção de imagens, sons e músicas, como recurso didático importante na facilitação do aprendizado escolar que é uma forma muito utilizada pelos professores atualmente para despertar e provocar nos estudantes um maior interesse pela disciplina de História.
Tendo despertado o interesse pela busca de como elaborar aulas interdisciplinares, veio também o acordar para estudar a Bíblia como fonte histórica, que possibilitasse ser utilizada na sala de aula numa turma de ensino médio. Traçados as bases iniciais da pesquisa, fez-se necessário pesquisar como a Bíblia pode ser trabalhada em sala de aula, em que assuntos são possíveis conceber a mesma como fonte histórica.
E o que chama atenção, embora haja inúmeros artigos, monografias, dissertações com citações bíblicas como: “O mito e a ciência na Bíblia” é um artigo de Maurício Cardoso, formado em História pela Universidade de São Paulo (1996), finalizou o mestrado em História Social (USP, 2002) sobre as relações entre Cinema e História através do filme de Leon Hirszman, São Bernardo (1972). Concluiu, em 2007, o doutorado sobre o cinema de Glauber Rocha pela Universidade de São Paulo e pela Université Paris X - Nanterre. Atualmente, é professor doutor no Departamento de História da Universidade de São Paulo, com pesquisas sobre as relações entre a indústria cultural e o campo educacional. Tenta mostra que fé e razão são coisas diferentes, os cientistas baseiam suas teorias em informações concretas, resultados de experiências e fatos comprovados. Já as pessoas que concebem a Bíblia como livro divino, retiram suas certezas da convicção de que existe algo verdadeiro que foi revelado pelo próprio Deus.
Os Manuscritos de Qumran e a Teologia do Cristianismo Antigo” de Edgard Leite é doutor em História pela Universidade Federal Fluminense, professor de História da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO), assessor técnico-científico da FAPERJ, e membro do Conselho Acadêmico do Centro de História e Cultura Judaica. É coordenador do GT Regional Rio de História das Religiões e das Religiosidades da ANPUH e do Grupo de Pesquisa do CNPq: Políticas, Direitos, Éticas. Edgar Leite evidencia que os manuscritos de Qumran levantaram questões importantes sobre a teologia do cristianismo antigo, possibilitando a inserção do desenvolvimento do pensamento cristão original no quadro mais amplo do judaísmo, dimensionando, portanto, para o contexto histórico.
Geografia e Arqueologia Bíblica” José Sanches Vallejo Neto (professor Seminário Teológico do Betel Brasileiro e Ação Evangélica), tendo como objetivo informar os alunos da realidade do ambiente bíblico, e do contexto cultural, como também levá-lo a compreender os momentos históricos narrados na Bíblia e os locais e povos envolvidos. Mostra a importância da arqueologia e da geografia Bíblica para as várias descobertas que tem interligação com os relatos bíblicos, como: as escavações realizadas em Ur,cidade de natal de Abraão, que trazem referências de textos sobre a enchente que se pode correlacionar ao relato  do dilúvio;em Susã, na Babilônia, restaurou-se o código de Hamurabi, contemporâneo a Abraão.
 “O Antigo Egipto no Espólio Bibliográfico da Biblioteca Central da Faculdade de Letras da Universidade do Porto”, é Rogério Ferreira de Sousa (doutorado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto). É professor auxiliar do Instituto da Saúde – Norte.
Tem o trabalho de Josué Berlesi, “O êxodo dos hebreus segundo historiadores e arqueólogos: ênfase na perspectiva minimalista a partir da obra de Finkelstein e Silberman”. Berlesi possui graduação em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e é mestre na área de Teologia e História pela Escola Superior de Teologia (EST), possui experiência na área de História Antiga. Participou das escavações arqueológicas no sítio de Armagedon, em Israel. Se dedica principalmente ao estudo da história antiga oriental. Suas pesquisas se referem, majoritariamente, a historiografia sobre o Israel antigo. Atualmente cursa o doutorado em História pela Universidad de Buenos Aires e trabalha como docente de História Antiga na UFPA Campus Cametá. Neste artigo Berlesi procurou contemplar um grupo de pesquisadores da arqueologia, que tem como consenso a concepção minimalista de Israel Finkelstein e Neil Siberman que buscam novas possibilidades de interpretar a História sobre o Israel antigo, consequentemente sobre o êxodo.
Entre outros trabalhos que se apropriou da Bíblia, como objeto de seus temas e pesquisas, então mediante a leitura percebeu-se insuficiência da problemática colocada acima, em meio há tantos trabalhos é necessário fazer uma escavação profunda nas minas da documentação, para que se possa retirar uma pequena porção de índices de como podemos utilizar a Bíblia como fonte histórica na sala de aula. Isto representa uma dificuldade, mas ao mesmo tempo proporcionar uma relativa importância a esta pesquisa, que procura minimizar essa lacuna com um trabalho árduo, mediante a escassez de trabalhos contundentes.

As diretrizes iniciais

Para formular esse artigo, utiliza-se reflexões de autores como Paulo Freire (1996), Werner Keller (1978), John D. Currid (2003), Amihai Mazar (2003), Flávio Josefo (2004), Finkelstein e Silberman (2003), O acesso a tais autores possibilitou o aprendizado fundamental para minha postura como docente na sala de aula e também facilitou à aplicação de novos métodos de ensino em nosso caso especificamente: o uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula, e assim comprovando, cada vez mais, a importância da Arqueologia como suporte para compreender a Bíblia como o objeto de estudo na disciplina de História.
Então, percebe-se importância da prática pedagógica que vai muito além da pura transferência de informações, tendo o aluno como apenas receptor de tudo que advém do professor,ao contrário da concepção de aluno bancário, ocorre uma dinâmica de construção que se dá por meio das interações professor-aluno, que possibilita um ambiente de criação e produção de conhecimento.
Freire fazendo uma alusão entre a formação docente e o ato de cozinhar, pois este que parece ser tão simples exige do cozinheiro atenção no uso do fogo para mantém o equilíbrio da temperatura, e assim evitar tanto que a comida não queime e que não haja risco de incêndio; ressaltando ainda que a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação teoria/prática sem a qual pode tornar-se uma prática ativista.Critica o ensino tradicional validando suas próprias conclusões que a escola fazia parte do problema, contribuindo para a marginalização da minoria.
Para Paulo Freire (1995, p.23) “quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado.” Ao encontrar a arte de ensinar podemos desencadear no aprendiz (estudante) uma vontade de conhecer cada vez mais, fazendo com que ele se torne cada vez mais criador de sua própria história e de seu aprendizado tanto na escola como para os outros determinados fins, como é relatado na (LDB) Art.35. “III- o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”.
Quando pensamos em História remetemos, que de acordo com Vicente Dobroruka (2008, p.1) “para o homem comum uma soma de eventos passados ou uma seção definida dessa totalidade; para os aprendizes do ofício e historiadores profissionais, trata-se antes de tudo da técnica e prática historiográficas”. Já a História busca estabelecer relações entre as diversas produções da cultura e os achados arqueológicos para compreender os processos históricos.
No que se refere ao mito fazemos a oposição de imediato a “história” (ou oposto a “ciência”) escreveu o mito, ninguém sabe mais é uma verdade transmitida de geração em geração dentro de um determinado grupo. Porque não foi ninguém que contou, ninguém inventou, mas foi algo que aconteceu para determinadas realidades. Embora trate de feitos e aventuras de um imaginário já perdido no tempo, longe do nosso dia-a-dia tecnológico, os mitos continuam a seduzir as pessoas.
Dessa forma, segundo (Dobroruka 2008, p.1).

Nesse sentido mais restrito, mito é algo visto como essencialmente religioso atuante na esfera do sagrado e, portanto, impossível de se confundir com algo que se pretende científico como a atividade historiográfica ou uma dada filosofia especulativa da história como, digamos, o positivismo comtiano.


Neste trecho observa que o mito quase sempre é remetido a religião, que até mesmo os primeiros historiadores da antiguidade ao tentar explicar as causas “contundentes” da guerra entre Atenas e Esparta, o próprio Tucídides na introdução elucidava em seu texto algo que não remetesse de modo algum nos testemunhos recolhidos conteúdos místicos. De todo modo, em que nos esforcemos para compreendemos o mito, a tendência é conceber como um ciclo que gira em torno do sagrado e profano se impõe como marco inicial.
O livro de John D. Currid “Arqueologia nas Terras Bíblicas”, é bastante interessante pelo arcabouço teórico, sendo membro do corpo docente do Rformed Theological Seminary e instrutor adjunto no Jerusalem Center for Biblical Studies, ensinado arqueologia a centenas de estudantes em Israel. Fornece informações importantes acerca da arqueologia nas terras bíblicas.
Dessa forma, segundo Currid (2003, p.17)

A disciplina de arqueologia tem uma aplicação muito mais prática para nós. Ela nos diz de onde viemos e como nos desenvolvemos; e também nos dá informações detalhadas a respeito de nossa história, funcionando também como barômetro do futuro.

Nessa citação fica visível a relação da arqueologia como ciência auxiliar da História, ajudando através de informações necessárias, que proporciona dados que muitas vezes os registros históricos escritos normalmente não são conservados.
A arqueologia é frequentemente considerada uma ciência social. De fato, segundo Michales (1996 apud CURRID, 2003 p. 17) ela é “a única disciplina das ciências sociais a se preocupar com a reconstrução e compreensão do comportamento humano com base nos fragmentos deixados por nossos antecessores pré-históricos e históricos”.
Outro livro de bastante relevância teórica é de Amihai Mazar, em “Arqueologia na Terra da Bíblia”, o arqueólogo israelense apresenta trabalhos da dinâmica pesquisa arqueológica em Israel e Jordânia e discute suas implicações para nosso conhecimento. O livro abrange o período que começa com os primeiros assentamentos, por volta de 10.000 A.C; e termina com a destruição do primeiro templo, em 586 a.C; e a dominação babilônica no país. Nesse sentido, para Mazar (2003, p. 23)

A atividade arqueológica em larga escala em Israel e na Jordânia revelou uma quantidade de dados, com uma opulência e variedade desproporcional ao tamanho do país. Centenas de projetos de caráter e objetivos diferentes são conduzidos a cada ano.

A citação que permite que evidenciar a importância da arqueologia em locais descritos pela Bíblia como lugares de grandes acontecimentos divinos, que tem revelados dados consideráveis que nos possibilita trabalhar como a Bíblia como fonte histórica em determinados contextos históricos.
Finkelstein e Silberman (2003) trazem questionamentos a veracidade da Bíblia, The Bible uncarthed em português “E Bíblia não tinha razão”, Finkelstein é autor de importantes estudos no campo da arqueologia da Palestina, foi o Diretor do Instituto de Arqueologia Sonia e Marco Nadler da Universidade de Tel Aviv, Israel, de 1996 a 2002, e co-diretor das escavações de Tel Meguido. Atualmente, 2005, é o titula da Cátedra Jacob M. Alkow de Arqueologia de Israel nas Idades do Bronze e do Ferro da mesma Universidade, e acaba de ganhar o prêmio Dan David. Neil Asher Silberman foi Diretor de Interpretação Histórica do "Ename Center for Public Archaeology and Heritage Presentation", na Bélgica e atualmente 2011 é Professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Massachusetts- Amherst, nos Estados Unidos
  Ambos os autores, contestam a veracidade Bíblica baseados em dados arqueológicos (arqueologia processual), concebem a Bíblia como uma produção da criação da imaginação humana, tendo a pretensão de separar a história da lenda. Segundo Finkelstein e Silberman (2003, p.3) “A estória do antigo Israel e o nascimento de suas escrituras sagradas a partir de uma nova perspectiva, uma perspectiva arqueológica”. Eles buscam desmistificar as lendas que giram em torno da história de Israel conta pela Bíblia, que para eles Para tais o propósito vai além de desmontar conhecimentos ou crenças em relação à Bíblia, mas partilhar dados arqueológicos recentes que ajudam a reconstruir a real história escondida atrás da Bíblia.
Finkelstein e Silberman compartilham de uma concepção minimalista entende que tudo que não é minuciosamente corroborado evidências arqueológicas contemporâneas aos acontecimentos, devem ser corrigido ou abandonado. Não é suficiente a Bíblia diz que existiu um profeta chamado Davi, na visão de ambos os autores:
 Não existe evidência arqueológica que sustente as mais populares histórias da     Bíblia, como o Êxodo, a peregrinação pelo deserto do Sinai, a conquista de Josué sobre Canaã [...] O rei Davi que teria feito de Jerusalém a capital do reino unido e seria o Messias, não existiu, quem existiu foi um pobre líder tribal.

O trecho relata uma concepção minimalista que é muito restrita entre alguns arqueólogos, que contemplam uma visão da Bíblia como um compêndio de histórias e mitos de uma determinada sociedade, sem nenhum valor histórico. Essa é a percepção destes autores, que existe uma propaganda enganosa em relação à Judá, uma negação extrema do Êxodo. Esses autores criticam a visão tradicional que os hebreus foram escravos no Egito e lá seguiram para conquistar Canaã e também vão concluir a impossibilidade do êxodo no século XIII AEC. Entre outras coisas, eles alegam que, nesta época, a fronteira do Egito com Canaã era severamente controlada, e que segundo eles a arqueologia comprovou na década de 1970; que não existe nenhum sinal de ocupação do Sinai.
Porém, longo desses argumentos consistirem um consenso entre os arqueólogos como: Ephraim Stern; Amnon Bem-Tor; Amihai Mazar da (Universidade Hebraica), Lawrence Stager da (Universidade de Harvard),Seymour Gitin do (Albright Institute of Archaeology Jerusalém); Timothy Harrison da (Universidade de Toronto) e por fim, David Ussishkin (Universidade de Tel Aviv) que foi por anos companheiro de Finkelstein na escavações de Megido. Esses são apenas uns poucos nomes que procurando mantém uma linha que ainda merece credibilidade histórica ao relato bíblico.
Então é a partir dessas leituras, que se pretende ampliar o foco desta pesquisa ainda pouco explorado tendo como objetivo mostra que é possível trabalhar com a Bíblia como fonte histórica na sala de aula, sendo apoiada pela arqueologia que tem como algo descobrir, resgatar, observar e preservar fragmentos enterrados da antiguidade, e usá-los para ajudar a reconstruir a vida antiga.
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, a utilização de fontes históricas é amparada, já que a comunicação entre os homens não restringe apenas a comunição oral e escrita ultrapassa a gestual e musical, sendo assim a utilização de “métodos de pesquisa e de produção de textos de conteúdo histórico, aprendendo a ler diferentes registros escritos, iconográficos, sonoros” (PCN, p.41).
Esclarecendo que é fundamental o professor ter domínio sobre os materiais a serem utilizados como fontes potenciais para reflexão e aquisição do saber histórico escolar, permitindo que o estudante observe atentamente ao seu redor e estabeleça relações e críticas, como também diferenciar as relações dos sujeitos históricos no espaço e no tempo e assim relativizar sua própria atuação no espaço e no tempo.
Para que seja possível o comprimento das diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais, fazer uso de fontes históricas na sala de aula é imprescindível que o professor seja o mediador entre os estudantes com os documentos, direcionando os discentes as linhas que permitem ao pesquisador dialogar com as fontes. E sobre essa proposta, elucidar os PCN.

Os procedimentos de pesquisa devem ser ensinados pelo professor de História á medida que favoreçam, de modo ou de outro, uma ampliação do conhecimento da capacidade das crianças: trocas de informações, socialização de ideias [...]domínios linguísticos, escritos, orais,iconográficos, cartográficos e pictóricos.(PCN,1997,p.77)

Assim, torna-se responsabilidade do professor de História o pleno domínio dos desígnios teórico-metodológicos do conhecimento histórico. É de compromisso do mesmo apresenta aos estudantes as fundamentações básicas para que a turma tenha possibilidades de fazer perguntas consistentes, levando em consideração o conjunto de conhecimento que trazem consigo e que interferem direta ou indiretamente na leitura das fontes históricas.
A orientação dos PCNs possibilita o trabalho do professor com fonte histórica, dinamizando o processo de aprendizagem, democratizando o saber, estimulando a criatividade dos estudantes e mais ainda deixando o propicio para o conforto de diferentes interpretações e visões, além de possibilitar a desmitificando de algumas ideologias. Deixando claro que não é repassada para os estudantes a responsabilidade de produção de um conhecimento histórico cientifico, requerendo uma postura e produção que se aproxime daquelas que são produzidas por historiadores renomados. É nessa direção que o trabalho com fontes na sala de aula contribuirá democratizar o conhecimento, pois não jogar na mão dos discentes o dever de construir o próprio saber sozinho.

Relato da ação

O uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula não é uma realidade no âmbito das escolas de nosso país, então buscamos empreender essa metodologia no ensino de estudantes da escola pública, e no fazer da disciplina de História, trabalhando com a Bíblia como fonte histórica no contexto da sala de aula como também mais além da sala. Continuamente tendo como propósito motivar os discentes para uma melhor compreensão e apropriação do conhecimento.
Conseguimos a nossa primeira experiência de trabalho com a Bíblia como fonte histórica ligada ao ensino de História na primeira semana de maio, na Escola Estadual Professor José Fernandes Machado, situado no bairro de Ponta Negra, Natal/RN. De inicio, nosso objetivo com a aplicação dessa ideia na escola promovida pelo PIBID juntamente com a escola campo de atuação, foi o de verificar se os discentes conceberiam a Bíblia como fonte histórica e saber das possibilidades de utilização deste como recurso didático.
Teve-se aulas realizada sobre a leitura crítica das fontes históricas sobre o Império Persa, fazendo uma discussão metodológica inicial da mitologia (mito) versus História, para que o apreendente tenha essa noção essencial da diferenciação entre as diferentes concepções e, o uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula.
Explicamos a origem dos Persas e como ocorreu a sua expansão que culminou em um grande Império, deixando um grande legado á disseminação do conhecimento, que ocorreu pela rápida difusão de costumes e experiências. Evidenciamos o sistema de dominação dos persas, do sistema geralmente usado por demais povos, apresentando como característica principal uma tolerância religiosa, neste caso usamos trechos bíblicos que evidência essa tolerância, em que Ciro o Grande decreta a libertação dos cativos da Babilônia, no livro de Esdras que diz o seguinte, “No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para cumprir a palavra de Iahweh pronunciada por Jeremias, Iahweh suscitou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que mandou proclamar de viva voz e por escrito, em todo o seu reino, o seguinte” (Esdras, 1:1), como também comprovado pela Arqueologia no Cilindro de Ciro.
“(O Imperador Ciro da Pérsia é o escolhido do Deus Yhwh) Isaías 45:1 Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão; (...)”.




Imagem 1: Cilindro de Ciro Rei da Pérsia 539-530 a.e.c (Fonte: Bíblianua.vilabol.oul.com.br, 2012).


O Cilindro de Ciro foi considerado pela Organização das Nações Unidas como sendo a primeira Declaração dos direitos humanos, ao permitir que os povos exilados na Babilônia regressassem ás suas terras de origem. O Cilindro é de barro, que registra um decreto importante do rei Ciro da Pérsia, escolhido por Yhwh para dominar todas as nações e também responsável pela libertação dos judeus do cativeiro da Babilônia, iniciando uma série de acontecimentos que culminaram com a reconstrução de Jerusalém.
Na Bíblia nos livros de Esdras 1 e Neemias 3, no primeiro ano do reinado de Ciro, rei dos persas,setenta anos depois que as tribos de Judá e de Benjamin foram levadas escravas para a Babilônia, Yhwh teve compaixão pelo sofrimento deles, realizou o que havia predito ao profeta Jeremias, antes mesmo da ruína de Jerusalém.
Flávio Josefo, em História dos Hebreus: de Abraão á queda de Jerusalém, obra completa traduzida por Vicente Pedroso, sendo a oitava edição. Mostra no capitulo um livro décimo a atuação de Ciro, rei da Pérsia, permite que os judeus voltem o seu país e reconstruam o templo. Nesse sentido, segundo o mesmo autor (2004, p. 499)

 Que passados setenta anos de escravidão, sob o Nabucodonosor e seus descendentes, voltaríamos ao mesmo país, reconstruiremos o templo e desfrutaríamos a nossa primeira felicidade.

 Assim, pôs no coração de Ciro e o mesmo escreveu uma carta para ser enviada a toda Ásia. “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, da terra e dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém”. Para confirmar atuação de Ciro na tomada da Babilônia e na fundação do império persa.
Nesse sentido, Mazar (2003, p.518)

Os níveis de destruição causados pelas invasões babilônias foram detectados em muitos sítios da Filístia ( Asdod, Acaron, Tamna) e em Judá. Entretanto, existem evidências de continuação da vida em diversos sítios judaítas, especialmente ao norte de Jerusalém.

O trecho relata os sítios detectados pela arqueologia que comprovam os níveis de destruição causados pelas invasões babilônicas em Judá. No decorrer do texto, percebemos o lugar primordial da arqueologia e da Bíblia para as descobertas destes tais lugares, fora de Judá o período babilônico quase não é conhecido. Porém, em Meguido Estrato II, uma enorme cidadela fornece dados importantes para a identificação dos seus construtores que se tornou objeto de discussão entre os arqueólogos, pois, alguns acreditam que foi arquitetada por Josias; outros atinam que era Babilônia.



Conclusão

Tendo em vista o que foi apresentado, é possível constituir levando em conta o contexto e os propósitos em que foram desenvolvidos o conceito de fonte histórica trazido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, que tem a finalidade de possibilitar ao professor dinamiza o processo de ensino-aprendizagem, democratiza o saber, estimula a criticidade do jovem na sala de aula como também fora da mesma.
É nesse sentido, que o trabalho com a leitura crítica de fontes históricas sobre o império persa, contribuiu para dinamizar aula, democratizar o conhecimento, e consequentemente o desenvolvimento de práticas que desperte nos discentes atitudes de questionamentos e diálogos, ampliando o olhar e ultrapassando as barreiras da surperfice, como também favorece a troca de saber entre o professor (a) e o discente.
Por fim, cabe lembrar que propôs novas metodologias converge romper com as antigas metodologias, que não é uma tarefa fácil na medida em que toda nova proposta é, geralmente, encarada como uma exceção feita por profissionais com pouca experiência na área. Assim, mostramos a importância da Arqueologia como essencial para compreendemos, o uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula já que, a Arqueologia é o estudo do antigo, o conhecimento neste campo se obtém pela observação e estudo sistemáticos, e os fatos descobertos são avaliados e classificados num conjunto organizado de informações.
 Concluímos que os apreendentes tinham certa dificuldade de conceber a Bíblia com fonte histórica, pelo fato, de ser um livro religioso ou mitológico. Mais, os resultados obtidos são iniciativas para damos continuidade na elaboração de aulas interdisciplinares. A aula se desenvolveu de uma maneira clara e objetiva, sem excesso de informações, objetivando atingir os objetivos propostos no plano de aula.





Apêndice:



Escola Estadual José Fernandes Machado.
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID
Coordenadora: Profª Dr. ª Fátima Martins.
Subcoordenador: Profº. Ronaldo
SÉRIE: 1º ano do ensino médio.
DATA: 07/05/2012
Discentes/bolsistas: Anaxágoras Lopes, Luciere Silva
Tema: A leitura crítica de Fontes  Históricas sobre o Império Persa.

PLANO DE AULA

OBJETIVOS

1-OBJETIVO GERAL:
Compreender através de fontes arqueológicas, de trechos bíblicos a origem e composição do povo Persa.
2-OBJETIVO ESPECÍFICO:
v  Explicar as diferenças entre a História e a mitologia, para o apreendente através das fontes aumente sua autonomia critica diante de diversificados gêneros textuais, visuais históricos.
v  Explicar quem foram os Persas e sua política para expansão do Império.
v   Mostra exemplos da Bíblia que é comprovado pela Arqueologia, evidenciando a importância do uso da Bíblia como fonte histórica.
v  Diferenciar o sistema de dominação dos persas, do sistema geralmente usado por outros povos;

2. METODOLOGIA:
 Como procedimento metodológico nos valeremos de uma aula expositiva, utilizando o projetor de multimídia para que os alunos acompanhem passo a passo a aula. Acaso haja imprevisto apenas, ocorrerá à exposição oral.


3. RECURSOS METODOLÓGICOS
Lousa, giz, mapa do mundo, data show, texto escrito e imagens.


4. PROCESSO (S) DE AVALIAÇÃO:
Avaliação continua.

Ruínas de Persépolis
Imagem 2: Ruínas de Persépolis (Fonte: destylou-historia.blogspot.com,2012)

Descobertas arqueológicas relacionados com a Bíblia
      Queda de Babilônia para os medos e os persas (Dn 5:30-31), como registrado no Cilindro de Ciro.
      Libertação dos cativos da Babilônia por Ciro o Grande (Ed 1:1-4; 6:3-4), como registrado no Cilindro de Ciro.
      Existem outras três tumbas esculpidas no rochedo próximo à capital persa Persépolis, no Irã, que se acredita serem dos reis persas Xerxes (485-465 a.C.), Artaxerxes I (465-424 A.C.) e Dario II (423-405 A.C.).
      Só na inscrição de Dario identificou. Xerxes é o Assuero do livro de Ester, o rei que Ester se desposou.
      Queda de Jerusalém por Nabucodonosor, rei da Babilônia (2 Re 24: 10-14), como registrado nas crônicas Babilônicas.

REFERÊNCIAS:

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental: Parâmetros Curriculares nacionais: História. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1997.
BERSELI, Josué. História, Arqueologia e cronologia do Êxodo: Historiografia e problematizações. São Leopoldo: Sinodal; EST, 2008.
-----. O êxodo dos hebreus segundo historiadores e arqueólogos: ênfase na perspectiva minimalista a partir da obra de Finkelstein e Silberman. Revista Eletrônica Reflexão em História- v.2, n.3 –UFGD- Dourados-jan-jun/2008. ISSN 1981-2434.
CURRID, D. John. Arqueologia nas terras Bíblicas: nas terras bíblicas um manual destinado a despertar o interesse e paixão pelo tópico. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

DOBRORUKA, Vicente: Mito e história na Antiguidade: esboço para um estudo de conjunto dos limites entre religiosidade e metahistória in: Boletim do Centro de Pensamento Antigo. Vols. 20-21 Campinas: Unicamp, 2008.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. 7ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

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[1] Graduanda em História (licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: lucierecavalcante@yahoo.com.br
Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) pela CAPES, subprojeto-História.

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