O
uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula
Simpósio
temático: A sala de aula em perspectiva: desafios e
abordagens.
Luciere
Cavalcante da Silva[1]
.
RESUMO: Neste artigo apresentamos o resultado do
projeto de pesquisa cujo intuito consistiu em investigar a importância de como
fazer aulas interdisciplinares para estudantes do ensino médio. Este trabalho tem
três objetivos: fazer uma discussão metodológica inicial da mitologia (mito) versus
História; o uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula, como também
apresenta a uma reflexão sobre a interdisciplinaridade. Quem escreveu o mito,
ninguém sabe mais é uma verdade transmitida de geração em geração dentro de um
determinado grupo. Porque não foi ninguém que contou, ninguém inventou, mas foi
algo que aconteceu para determinadas realidades. Embora trate de feitos e aventuras de um imaginário já
perdido no tempo, longe do nosso dia-a-dia tecnológico, os mitos continuam a
seduzir as pessoas. Já a História
busca estabelecer relações entre as diversas produções da cultura e os achados
arqueológicos para compreender os processos históricos. Então a Arqueologia é essencial
para compreendemos, o uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula, já
que, a Arqueologia é o estudo do antigo, o conhecimento neste campo se obtém
pela observação e estudo sistemáticos, e os fatos descobertos são avaliados e
classificados num conjunto organizado de informações. Na perspectiva escolar, sabemos
que a interdisciplinaridade não tem pretensão de criar novas disciplinas. Nesse
sentido buscou-se
fazer
uma coleta dos dados com base no corpus teórico e procedimentos como
observação, aulas voltadas para o que se propõem acima.
Palavras-chave: História, Sala de aula, Bíblia.
Introdução
O presente artigo apresenta algumas
reflexões sobre as dificuldades dos professores da rede pública de ensino de História,
sentem na hora de elaborar aulas interdisciplinares, para estudantes do ensino médio.
Tais reflexões efetivaram-se durante a experiência obtida como bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação á Docência (PIBID) de História, financiado
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – (CAPES), que
tem como intuito promover a melhoria na formação docente de nível básico a futuros
licenciados, tendo em vista também contribuir de maneira rápida na formação dos
graduandos e em longo prazo, na elevação da qualidade de ensino nas escolas
públicas do país.
Tendo como coordenadora do
subprojeto - História 2009 a professora Doutora Fátima Martins Lopes. No plano
de trabalho do subprojeto – História 2009, é mostrado: “que ao longo dos
últimos anos á Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vem
reconhecendo a importância da formação inicial e continuada do professor exige
que a instituição dê especial atenção à educação básica”. Há um verdadeiro
encontro das iniciativas propostas pela UFRN com as dos PIBID, que objetiva entre
outros potencializar a formação dos licenciados no que diz respeito ao trabalho
em sala de aula de forma crítica e reflexiva.
Este projeto permite
conciliar teoria e prática, tendo como propósito identificar os métodos de
ensinar a disciplina de História, e assim contribuindo para a formação docente,
que de acordo com as Diretrizes Curriculares Dos Cursos de História os
graduandos em específicos os licenciados devem ter “domínio dos métodos e
técnicas pedagógicos que permitam a transmissão do conhecimento para os
diferentes níveis de ensino”. O alcance do projeto é amplo, pois proporciona condições
necessárias para os estudantes desenvolverem o pensamento crítico em suas atividades,
bem como compreenderem o contexto social, cultural, político e econômico em que
se vive.
O projeto tem como eixo
temático leitura crítica de fontes históricas sobre o Império Persa, que são
importantes para a compreensão de fontes históricas
e para a formação humana na contemporaneidade. Para tanto, foram utilizados
alguns materiais didáticos que auxiliaram na pesquisa sobre o tema e no planejamento
das aulas, tais como: livros, imagens e inscrições foram alguns materiais
utilizados nas estratégias adotadas na metodologia
de ensino na turma do 1º ano “A” noturno da Escola Estadual José Fernandes Machado na cidade
de Natal estado do Rio Grande do Norte.
Já que Uma vez que, ultimamente
a sociedade brasileira passa por grandes mudanças e transformações em sua
estrutura como um todo, um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. A
escola como lugar de aprendizagem, por sua vez, não pode ser isenta das
mudanças, já que segundo a Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, capítulo 2 do
ensino médio Art. 35. II – “A preparação básica para o trabalho e a cidadania
do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com
flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores” Leis
de Diretrizes de Bases (LDB). Então, a escola como um espaço privilegiado deve
permitir o acesso dos sujeitos às novas diretrizes curriculares e como também
abarca as exigências do mercado e este colabora para nosso desenvolvimento
enquanto futuros professores de História.
Como um dos principais
agentes de mudanças, o professor, aquele que está presente dia-a-dia com os
estudantes na sala de aula, deve sentir a necessidade constante de propor novas
formas de aperfeiçoamento profissional que, dependendo do seu público alvo
constitui-se em novas formas de ensino, que na proposta de reforma curricular
do ensino médio, a interdisciplinaridade tem como finalidade de ser
compreendida a partir de uma abordagem relacional, em que se propõe que, por
meio da prática escolar, sejam estabelecidas interconexões. Então, entende-se que
a integração dos diferentes conhecimentos pode proporcionar condições
necessárias para uma aprendizagem motivadora, na medida em que favorece maior
liberdade de escolhas e estratégias, aos professores e estudantes para a
seleção de conteúdos mais diretamente relacionados aos assuntos.
Desenvolvimento
A preocupação é
desmistificar a visão que se tem da disciplina de História, muitas pessoas
elucidam como decorativa de datas e nomes importantes de heróis e muito extensa
de conteúdos. Sabemos que esse foi um legado deixado pela historiografia, que
predominou durante os períodos difíceis, que privilegiou os grupos dominantes e
excluiu os agentes
transformadores. O papel do professor e educador de História
é desmitificar ideias
de que existem heróis que lutam sempre pela maioria e que os ditos indivíduos
comuns não têm capacidade de transformação por possuírem uma natureza passiva e
condicionada. Portanto, o historiador precisa esclarecer para os estudantes que
eles são também agentes da história e que podem transformar a realidade em que
vivem.
Nessa
perspectiva de investigar a importância de fazer aulas interdisciplinares para
estudantes do ensino médio, logo vem em mente uma busca desenfreada para
utilizar vários recursos didáticos. A utilização de novas tecnologias em sala
de aula, que introduzem o vídeo, o filme, a produção de imagens, sons e
músicas, como recurso didático importante na facilitação do aprendizado escolar
que é uma forma muito utilizada pelos professores atualmente para despertar e
provocar nos estudantes um maior interesse pela disciplina de História.
Tendo despertado o interesse pela busca de como elaborar
aulas interdisciplinares, veio também o acordar para estudar a Bíblia como
fonte histórica, que possibilitasse ser utilizada na sala de aula numa turma de
ensino médio. Traçados as bases iniciais da pesquisa, fez-se necessário
pesquisar como a Bíblia pode ser trabalhada em sala de aula, em que assuntos são
possíveis conceber a mesma como fonte histórica.
E o que chama atenção, embora haja inúmeros artigos,
monografias, dissertações com citações bíblicas como: “O mito e a ciência na Bíblia” é um artigo de Maurício
Cardoso, formado em História
pela Universidade de São Paulo (1996), finalizou o mestrado em História Social
(USP, 2002) sobre as relações entre Cinema e História através do filme de Leon
Hirszman, São Bernardo (1972). Concluiu, em 2007, o doutorado sobre o cinema de
Glauber Rocha pela Universidade de São Paulo e pela Université Paris X -
Nanterre. Atualmente, é professor doutor no Departamento de História da
Universidade de São Paulo, com pesquisas sobre as relações entre a indústria
cultural e o campo educacional. Tenta
mostra que fé e razão são coisas diferentes, os cientistas baseiam suas teorias
em informações concretas, resultados de experiências e fatos comprovados. Já as
pessoas que concebem a Bíblia como livro divino, retiram suas certezas da
convicção de que existe algo verdadeiro que foi revelado pelo próprio Deus.
“Os Manuscritos de Qumran e a Teologia
do Cristianismo Antigo” de Edgard Leite é doutor em História pela
Universidade Federal Fluminense, professor de História da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO),
assessor técnico-científico da FAPERJ, e membro do Conselho Acadêmico do Centro
de História e Cultura Judaica. É coordenador do GT Regional Rio de História das
Religiões e das Religiosidades da ANPUH e do Grupo de Pesquisa do CNPq:
Políticas, Direitos, Éticas. Edgar Leite evidencia que os manuscritos de Qumran levantaram
questões importantes sobre a teologia do cristianismo antigo, possibilitando a
inserção do desenvolvimento do pensamento cristão original no quadro mais amplo
do judaísmo, dimensionando, portanto, para o contexto histórico.
“Geografia e
Arqueologia Bíblica” José
Sanches Vallejo Neto (professor Seminário Teológico do Betel Brasileiro
e Ação Evangélica), tendo como
objetivo informar os alunos da realidade do ambiente bíblico, e do contexto
cultural, como também levá-lo a compreender os momentos históricos narrados na
Bíblia e os locais e povos envolvidos. Mostra a importância da arqueologia e
da geografia Bíblica para as várias descobertas que tem interligação com os
relatos bíblicos, como: as escavações realizadas em Ur,cidade de natal de
Abraão, que trazem referências de textos sobre a enchente que se pode
correlacionar ao relato do dilúvio;em
Susã, na Babilônia, restaurou-se o código de Hamurabi, contemporâneo a Abraão.
“O Antigo
Egipto no Espólio Bibliográfico da Biblioteca Central da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto”, é Rogério
Ferreira de Sousa (doutorado pela Faculdade de Letras da
Universidade do Porto). É professor auxiliar do Instituto da Saúde – Norte.
Tem o trabalho de
Josué Berlesi, “O
êxodo dos hebreus segundo historiadores e arqueólogos: ênfase na perspectiva
minimalista a partir da obra de Finkelstein e Silberman”. Berlesi possui
graduação em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e é mestre
na área de Teologia e História pela Escola Superior de Teologia (EST), possui
experiência na área de História Antiga. Participou das escavações arqueológicas
no sítio de Armagedon, em Israel. Se dedica principalmente ao estudo da
história antiga oriental. Suas pesquisas se referem, majoritariamente, a
historiografia sobre o Israel antigo. Atualmente cursa o doutorado em História
pela Universidad de Buenos Aires e trabalha como docente de História Antiga na
UFPA Campus Cametá. Neste artigo Berlesi procurou contemplar um grupo de
pesquisadores da arqueologia, que tem como consenso a concepção minimalista de
Israel Finkelstein e Neil Siberman que buscam novas possibilidades de
interpretar a História sobre o Israel antigo, consequentemente sobre o êxodo.
Entre outros trabalhos que se apropriou da Bíblia, como objeto de seus temas
e pesquisas, então mediante a leitura percebeu-se insuficiência da problemática
colocada acima, em meio há tantos trabalhos
é necessário fazer uma
escavação profunda nas minas da documentação, para que se possa retirar uma pequena
porção de índices de como podemos utilizar a Bíblia como fonte histórica na
sala de aula. Isto representa uma dificuldade, mas ao mesmo tempo proporcionar
uma relativa importância a esta pesquisa, que procura minimizar essa lacuna com
um trabalho árduo, mediante a escassez de trabalhos contundentes.
As diretrizes iniciais
Para formular esse artigo,
utiliza-se reflexões de autores como Paulo Freire (1996), Werner Keller (1978),
John D. Currid (2003), Amihai Mazar (2003), Flávio Josefo (2004), Finkelstein e Silberman (2003), O
acesso a tais autores possibilitou o aprendizado fundamental para minha postura
como docente na sala de aula e também facilitou à aplicação de novos métodos de
ensino em nosso caso especificamente: o uso da Bíblia como fonte histórica na
sala de aula, e assim comprovando, cada vez mais, a importância da Arqueologia
como suporte para compreender a Bíblia como o objeto de estudo na disciplina de
História.
Então, percebe-se
importância da prática pedagógica que vai muito além da pura transferência de
informações, tendo o aluno como apenas receptor de tudo que advém do
professor,ao contrário da concepção de aluno bancário, ocorre uma dinâmica de
construção que se dá por meio das interações professor-aluno, que possibilita
um ambiente de criação e produção de conhecimento.
Freire fazendo uma alusão
entre a formação docente e o ato de cozinhar, pois este que parece ser tão simples
exige do cozinheiro atenção no uso do fogo para mantém o equilíbrio da temperatura,
e assim evitar tanto que a comida não queime e que não haja risco de incêndio;
ressaltando ainda que a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência
da relação teoria/prática sem a qual pode tornar-se uma prática ativista.Critica
o ensino tradicional validando suas próprias conclusões que a escola fazia
parte do problema, contribuindo para a marginalização da minoria.
Para Paulo Freire (1995, p.23) “quem forma se forma e re-forma ao formar
e quem é formado forma-se e forma ao ser formado.” Ao encontrar a arte de
ensinar podemos desencadear no aprendiz (estudante) uma vontade de conhecer
cada vez mais, fazendo com que ele se torne cada vez mais criador de sua
própria história e de seu aprendizado tanto na escola como para os outros
determinados fins, como é relatado na (LDB) Art.35. “III- o aprimoramento do
educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico”.
Quando pensamos em História remetemos, que de acordo com Vicente
Dobroruka (2008, p.1) “para o homem comum uma soma de eventos passados ou uma
seção definida dessa totalidade; para os aprendizes do ofício e historiadores profissionais,
trata-se antes de tudo da técnica e prática historiográficas”. Já a História
busca estabelecer relações entre as diversas produções da cultura e os achados
arqueológicos para compreender os processos históricos.
No que se refere ao mito fazemos
a oposição de imediato a “história” (ou oposto a “ciência”) escreveu o mito,
ninguém sabe mais é uma verdade transmitida de geração em geração dentro de um
determinado grupo. Porque não foi ninguém que contou, ninguém inventou, mas foi
algo que aconteceu para determinadas realidades. Embora trate de
feitos e aventuras de um imaginário já perdido no tempo, longe do nosso
dia-a-dia tecnológico, os mitos continuam a seduzir as pessoas.
Dessa forma, segundo (Dobroruka
2008, p.1).
Nesse sentido mais
restrito, mito é algo visto como essencialmente religioso atuante na esfera do
sagrado e, portanto, impossível de se confundir com algo que se pretende
científico como a atividade historiográfica ou uma dada filosofia especulativa
da história como, digamos, o positivismo comtiano.
Neste trecho observa que o mito quase sempre é remetido
a religião, que até mesmo os primeiros historiadores da antiguidade ao tentar explicar
as causas “contundentes” da guerra entre Atenas e Esparta, o próprio Tucídides
na introdução elucidava em seu texto algo que não remetesse de modo algum nos
testemunhos recolhidos conteúdos místicos. De todo modo, em que nos esforcemos para compreendemos
o mito, a tendência é conceber como um ciclo que gira em torno do sagrado e
profano se impõe como marco inicial.
O livro de John D. Currid “Arqueologia
nas Terras Bíblicas”, é bastante interessante pelo arcabouço teórico, sendo
membro do corpo docente do Rformed Theological Seminary e instrutor adjunto no
Jerusalem Center for Biblical Studies, ensinado arqueologia a centenas de
estudantes em Israel. Fornece informações importantes acerca da arqueologia nas
terras bíblicas.
Dessa forma, segundo Currid
(2003, p.17)
A disciplina de
arqueologia tem uma aplicação muito mais prática para nós. Ela nos diz de onde
viemos e como nos desenvolvemos; e também nos dá informações detalhadas a respeito
de nossa história, funcionando também como barômetro do futuro.
Nessa citação fica visível a
relação da arqueologia como ciência auxiliar da História, ajudando através de
informações necessárias, que proporciona dados que muitas vezes os registros
históricos escritos normalmente não são conservados.
A
arqueologia é frequentemente considerada uma ciência social. De fato, segundo
Michales (1996 apud CURRID, 2003 p. 17) ela é “a única disciplina das ciências
sociais a se preocupar com a reconstrução e compreensão do comportamento humano
com base nos fragmentos deixados por nossos antecessores pré-históricos e
históricos”.
Outro livro de bastante
relevância teórica é de Amihai Mazar, em “Arqueologia na Terra da Bíblia”, o
arqueólogo israelense apresenta trabalhos da dinâmica pesquisa arqueológica em
Israel e Jordânia e discute suas implicações para nosso conhecimento. O livro
abrange o período que começa com os primeiros assentamentos, por volta de
10.000 A.C; e termina com a destruição do primeiro templo, em 586 a.C; e a
dominação babilônica no país. Nesse sentido, para Mazar (2003, p. 23)
A atividade
arqueológica em larga escala em Israel e na Jordânia revelou uma quantidade de
dados, com uma opulência e variedade desproporcional ao tamanho do país. Centenas
de projetos de caráter e objetivos diferentes são conduzidos a cada ano.
A citação que permite que evidenciar
a importância da arqueologia em locais descritos pela Bíblia como lugares de
grandes acontecimentos divinos, que tem revelados dados consideráveis que nos
possibilita trabalhar como a Bíblia como fonte histórica em determinados
contextos históricos.
Finkelstein e Silberman
(2003) trazem questionamentos a veracidade da Bíblia, The Bible uncarthed em português “E Bíblia não tinha razão”,
Finkelstein é autor de importantes estudos no campo da arqueologia da Palestina, foi o
Diretor do Instituto de Arqueologia Sonia e Marco Nadler da Universidade de Tel
Aviv, Israel, de 1996 a 2002, e co-diretor das escavações de Tel Meguido.
Atualmente, 2005, é o titula da Cátedra Jacob M. Alkow de Arqueologia de Israel
nas Idades do Bronze e do Ferro da mesma Universidade, e acaba de ganhar o
prêmio Dan David. Neil
Asher Silberman foi Diretor de Interpretação Histórica do "Ename
Center for Public Archaeology and Heritage Presentation", na Bélgica e
atualmente 2011 é Professor
do Departamento de Antropologia da Universidade de Massachusetts- Amherst, nos
Estados Unidos.
Ambos os autores, contestam a veracidade
Bíblica baseados em dados arqueológicos (arqueologia processual), concebem a
Bíblia como uma produção da criação da imaginação humana, tendo a pretensão de
separar a história da lenda. Segundo Finkelstein
e Silberman (2003, p.3) “A estória do antigo Israel e o nascimento de suas escrituras sagradas a
partir de uma nova perspectiva, uma perspectiva arqueológica”. Eles buscam desmistificar as lendas que giram em torno da
história de Israel conta pela Bíblia, que para eles Para
tais o propósito vai além de desmontar conhecimentos ou crenças em relação à
Bíblia, mas partilhar dados arqueológicos recentes que ajudam a reconstruir a
real história escondida atrás da Bíblia.
Finkelstein e Silberman compartilham de uma
concepção minimalista entende que tudo que não é minuciosamente corroborado
evidências arqueológicas contemporâneas aos acontecimentos, devem ser corrigido
ou abandonado. Não é suficiente a Bíblia diz que existiu um profeta chamado
Davi, na visão de ambos os autores:
Não existe evidência arqueológica
que sustente as mais populares histórias da
Bíblia, como o Êxodo, a peregrinação pelo deserto do Sinai, a conquista
de Josué sobre Canaã [...] O rei Davi que teria feito de Jerusalém a capital do
reino unido e seria o Messias, não existiu, quem existiu foi um pobre líder
tribal.
O trecho relata uma concepção minimalista que
é muito restrita entre alguns arqueólogos, que contemplam uma visão da Bíblia
como um compêndio de histórias e mitos de uma determinada sociedade, sem nenhum
valor histórico. Essa é a percepção destes autores, que existe uma propaganda
enganosa em relação à Judá, uma negação extrema do Êxodo. Esses autores
criticam a visão tradicional que os hebreus foram escravos no Egito e lá
seguiram para conquistar Canaã e também vão concluir a impossibilidade do êxodo no século
XIII AEC. Entre outras coisas, eles alegam que, nesta época, a fronteira do
Egito com Canaã era severamente controlada, e que segundo eles a arqueologia
comprovou na década de 1970; que não existe nenhum sinal de ocupação do Sinai.
Porém, longo desses argumentos consistirem um
consenso entre os arqueólogos como: Ephraim Stern; Amnon Bem-Tor; Amihai Mazar
da (Universidade Hebraica), Lawrence Stager da (Universidade de
Harvard),Seymour Gitin do (Albright Institute of Archaeology Jerusalém);
Timothy Harrison da (Universidade de Toronto) e por fim, David Ussishkin
(Universidade de Tel Aviv) que foi por anos companheiro de Finkelstein na
escavações de Megido. Esses são apenas uns poucos nomes que procurando mantém
uma linha que ainda merece credibilidade histórica ao relato bíblico.
Então é a partir dessas
leituras, que se pretende ampliar o foco desta pesquisa ainda pouco explorado
tendo como objetivo mostra que é possível trabalhar com a Bíblia como fonte
histórica na sala de aula, sendo apoiada pela arqueologia que tem como algo
descobrir, resgatar, observar e preservar fragmentos enterrados da antiguidade,
e usá-los para ajudar a reconstruir a vida antiga.
Conforme os Parâmetros
Curriculares Nacionais, a utilização de fontes históricas é amparada, já que a
comunicação entre os homens não restringe apenas a comunição oral e escrita
ultrapassa a gestual e musical, sendo assim a utilização de “métodos de
pesquisa e de produção de textos de conteúdo histórico, aprendendo a ler diferentes
registros escritos, iconográficos, sonoros” (PCN, p.41).
Esclarecendo que é fundamental o professor ter domínio
sobre os materiais a serem utilizados como fontes potenciais para reflexão e
aquisição do saber histórico escolar, permitindo que o estudante observe
atentamente ao seu redor e estabeleça relações e críticas, como também diferenciar
as relações dos sujeitos históricos no espaço e no tempo e assim relativizar
sua própria atuação no espaço e no tempo.
Para que seja possível o comprimento das diretrizes dos
Parâmetros Curriculares Nacionais, fazer uso de fontes históricas na sala de
aula é imprescindível que o professor seja o mediador entre os estudantes com
os documentos, direcionando os discentes as linhas que permitem ao pesquisador
dialogar com as fontes. E sobre essa proposta, elucidar os PCN.
Os procedimentos de pesquisa devem ser
ensinados pelo professor de História á medida que favoreçam, de modo ou de
outro, uma ampliação do conhecimento da capacidade das crianças: trocas de informações,
socialização de ideias [...]domínios linguísticos, escritos,
orais,iconográficos, cartográficos e pictóricos.(PCN,1997,p.77)
Assim, torna-se responsabilidade do professor de História
o pleno domínio dos desígnios teórico-metodológicos do conhecimento histórico.
É de compromisso do mesmo apresenta aos estudantes as fundamentações básicas
para que a turma tenha possibilidades de fazer perguntas consistentes, levando
em consideração o conjunto de conhecimento que trazem consigo e que interferem
direta ou indiretamente na leitura das fontes históricas.
A orientação dos PCNs possibilita o trabalho do professor
com fonte histórica, dinamizando o processo de aprendizagem, democratizando o
saber, estimulando a criatividade dos estudantes e mais ainda deixando o
propicio para o conforto de diferentes interpretações e visões, além de
possibilitar a desmitificando de algumas ideologias. Deixando claro que não é
repassada para os estudantes a responsabilidade de produção de um conhecimento
histórico cientifico, requerendo uma postura e produção que se aproxime
daquelas que são produzidas por historiadores renomados. É nessa direção que o
trabalho com fontes na sala de aula contribuirá democratizar o conhecimento,
pois não jogar na mão dos discentes o dever de construir o próprio saber
sozinho.
Relato da ação
O uso da Bíblia como fonte
histórica na sala de aula não é uma realidade no âmbito das escolas de nosso país,
então buscamos empreender essa metodologia no ensino de estudantes da escola
pública, e no fazer da disciplina de História, trabalhando com a Bíblia como
fonte histórica no contexto da sala de aula como também mais além da sala.
Continuamente tendo como propósito motivar os discentes para uma melhor
compreensão e apropriação do conhecimento.
Conseguimos a nossa primeira
experiência de trabalho com a Bíblia como fonte histórica ligada ao ensino de
História na primeira semana de maio, na Escola Estadual Professor José
Fernandes Machado, situado no bairro de Ponta Negra, Natal/RN. De inicio, nosso
objetivo com a aplicação dessa ideia na escola promovida pelo PIBID juntamente
com a escola campo de atuação, foi o de verificar se os discentes conceberiam a
Bíblia como fonte histórica e saber das possibilidades de utilização deste como
recurso didático.
Teve-se aulas realizada
sobre a leitura crítica das fontes históricas sobre o Império Persa, fazendo
uma discussão metodológica inicial da mitologia (mito) versus História, para
que o apreendente tenha essa noção essencial da diferenciação entre as diferentes
concepções e, o uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula.
Explicamos a origem dos Persas e como ocorreu a sua
expansão que culminou em um grande Império, deixando um grande legado á
disseminação do conhecimento, que ocorreu pela rápida difusão de costumes e
experiências. Evidenciamos o sistema de dominação dos persas, do sistema
geralmente usado por demais povos, apresentando como característica principal
uma tolerância religiosa, neste caso usamos trechos bíblicos que evidência essa tolerância, em que
Ciro o Grande decreta a libertação dos cativos da Babilônia, no livro de Esdras
que diz o seguinte, “No primeiro ano
de Ciro, rei da Pérsia, para cumprir a palavra de Iahweh pronunciada por
Jeremias, Iahweh suscitou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que mandou
proclamar de viva voz e por escrito, em todo o seu reino, o seguinte” (Esdras,
1:1), como também comprovado pela Arqueologia no Cilindro de Ciro.
“(O Imperador Ciro da Pérsia é o escolhido do Deus
Yhwh) Isaías 45:1 Assim diz o Senhor ao seu ungido, a
Ciro,
a quem tomo pela mão direita, para
abater nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir
diante dele as portas, e as portas não se fecharão; (...)”.
Imagem 1: Cilindro de Ciro Rei da Pérsia 539-530 a.e.c (Fonte:
Bíblianua.vilabol.oul.com.br, 2012).
O Cilindro de Ciro foi
considerado pela Organização das Nações Unidas como sendo a primeira Declaração
dos direitos humanos, ao permitir que os povos exilados na Babilônia
regressassem ás suas terras de origem. O Cilindro é de barro, que registra um
decreto importante do rei Ciro da Pérsia, escolhido por Yhwh para dominar
todas as nações e também responsável pela libertação dos judeus do cativeiro da Babilônia, iniciando uma
série de acontecimentos que culminaram com a reconstrução de Jerusalém.
Na Bíblia nos livros de Esdras 1 e Neemias 3, no primeiro ano do reinado
de Ciro, rei dos persas,setenta anos depois que as tribos de Judá e de Benjamin
foram levadas escravas para a Babilônia, Yhwh teve compaixão pelo sofrimento
deles, realizou o que havia predito ao profeta Jeremias, antes mesmo da ruína
de Jerusalém.
Flávio Josefo, em História dos
Hebreus: de Abraão á queda de Jerusalém, obra completa traduzida por
Vicente Pedroso, sendo a oitava edição. Mostra no capitulo um livro décimo a
atuação de Ciro, rei da Pérsia, permite que os judeus voltem o seu país e
reconstruam o templo. Nesse sentido, segundo o mesmo autor (2004, p. 499)
Que passados setenta anos de
escravidão, sob o Nabucodonosor e seus descendentes, voltaríamos ao mesmo país,
reconstruiremos o templo e desfrutaríamos a nossa primeira felicidade.
Assim, pôs no coração de Ciro e o
mesmo escreveu uma carta para ser enviada a toda Ásia. “Assim diz Ciro, rei da
Pérsia: O Senhor, da terra e dos céus, me deu todos os reinos da terra e me
encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém”. Para confirmar atuação de
Ciro na tomada da Babilônia e na fundação do império persa.
Nesse sentido, Mazar (2003, p.518)
Os níveis de destruição causados pelas invasões
babilônias foram detectados em muitos sítios da Filístia ( Asdod, Acaron,
Tamna) e em Judá. Entretanto, existem evidências de continuação da vida em
diversos sítios judaítas, especialmente ao norte de Jerusalém.
O trecho relata os sítios detectados pela arqueologia que comprovam os
níveis de destruição causados pelas invasões babilônicas em Judá. No decorrer
do texto, percebemos o lugar primordial da arqueologia e da Bíblia para as
descobertas destes tais lugares, fora de Judá o período babilônico quase não é
conhecido. Porém, em Meguido Estrato II, uma enorme cidadela fornece dados
importantes para a identificação dos seus construtores que se tornou objeto de
discussão entre os arqueólogos, pois, alguns acreditam que foi arquitetada por
Josias; outros atinam que era Babilônia.
Conclusão
Tendo em vista o que foi apresentado, é possível constituir levando em
conta o contexto e os propósitos em que foram desenvolvidos o conceito de fonte
histórica trazido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, que tem a finalidade
de possibilitar ao professor dinamiza o processo de ensino-aprendizagem, democratiza
o saber, estimula a criticidade do jovem na sala de aula como também fora da
mesma.
É nesse
sentido, que o trabalho com a leitura
crítica de fontes históricas sobre o império persa, contribuiu para dinamizar
aula, democratizar o conhecimento, e consequentemente o desenvolvimento de práticas
que desperte nos discentes atitudes de questionamentos e diálogos, ampliando o
olhar e ultrapassando as barreiras da surperfice, como também favorece a troca
de saber entre o professor (a) e o discente.
Por fim, cabe lembrar que propôs novas metodologias converge romper com
as antigas metodologias, que não é uma tarefa fácil na medida em que toda nova
proposta é, geralmente, encarada como uma exceção feita por profissionais com
pouca experiência na área. Assim, mostramos a importância da
Arqueologia como essencial para compreendemos,
o uso da Bíblia como fonte histórica na sala de aula já que, a Arqueologia é o
estudo do antigo, o conhecimento neste campo se obtém pela observação e estudo
sistemáticos, e os fatos descobertos são avaliados e classificados num conjunto
organizado de informações.
Concluímos que
os apreendentes tinham certa dificuldade de conceber a Bíblia com fonte
histórica, pelo fato, de ser um livro religioso ou mitológico. Mais, os resultados
obtidos são iniciativas para damos continuidade na elaboração de aulas
interdisciplinares. A aula se desenvolveu de uma maneira clara e objetiva, sem
excesso de informações, objetivando atingir os objetivos propostos no plano de
aula.
Apêndice:
Escola Estadual José Fernandes Machado.
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
- PIBID
Coordenadora: Profª Dr. ª Fátima Martins.
Subcoordenador: Profº. Ronaldo
SÉRIE: 1º ano do ensino
médio.
DATA: 07/05/2012
Discentes/bolsistas: Anaxágoras
Lopes, Luciere Silva
Tema: A leitura crítica de Fontes Históricas sobre o Império Persa.
PLANO DE AULA
OBJETIVOS
1-OBJETIVO GERAL:
Compreender através de
fontes arqueológicas, de trechos bíblicos a origem e composição do povo Persa.
2-OBJETIVO
ESPECÍFICO:
v
Explicar
as diferenças entre a História e a mitologia, para o apreendente através das
fontes aumente sua autonomia critica diante de diversificados gêneros textuais,
visuais históricos.
v
Explicar
quem foram os Persas e sua política para expansão do Império.
v
Mostra exemplos da Bíblia que é comprovado
pela Arqueologia, evidenciando a importância do uso da Bíblia como fonte
histórica.
v
Diferenciar
o sistema de dominação dos persas, do sistema geralmente usado por outros povos;
2. METODOLOGIA:
Como procedimento metodológico nos valeremos
de uma aula expositiva, utilizando o projetor de multimídia para que os alunos
acompanhem passo a passo a aula. Acaso haja imprevisto apenas, ocorrerá à
exposição oral.
3. RECURSOS METODOLÓGICOS
Lousa, giz, mapa do mundo, data
show, texto escrito e imagens.
4. PROCESSO (S) DE AVALIAÇÃO:
Avaliação continua.
Ruínas de Persépolis
Imagem 2: Ruínas de
Persépolis (Fonte: destylou-historia.blogspot.com,2012)
Descobertas
arqueológicas relacionados com a Bíblia
•
Queda
de Babilônia para os medos e os persas (Dn 5:30-31), como registrado no
Cilindro de Ciro.
•
Libertação
dos cativos da Babilônia por Ciro o Grande (Ed 1:1-4; 6:3-4), como registrado
no Cilindro de Ciro.
•
Existem
outras três tumbas esculpidas no rochedo próximo à capital persa Persépolis, no
Irã, que se acredita serem dos reis persas Xerxes (485-465 a.C.), Artaxerxes I
(465-424 A.C.) e Dario II (423-405 A.C.).
•
Só
na inscrição de Dario identificou. Xerxes é o Assuero do livro de Ester, o rei
que Ester se desposou.
•
Queda
de Jerusalém por Nabucodonosor, rei da Babilônia (2 Re 24: 10-14), como
registrado nas crônicas Babilônicas.
REFERÊNCIAS:
BRASIL,
Secretaria de Educação Fundamental: Parâmetros
Curriculares nacionais: História. Brasília: Secretaria de Educação
Fundamental, 1997.
BERSELI,
Josué. História, Arqueologia e
cronologia do Êxodo: Historiografia e problematizações. São Leopoldo:
Sinodal; EST, 2008.
-----. O
êxodo dos hebreus segundo historiadores e arqueólogos: ênfase na perspectiva minimalista a partir da obra
de Finkelstein e Silberman. Revista Eletrônica
Reflexão em História- v.2, n.3 –UFGD- Dourados-jan-jun/2008. ISSN
1981-2434.
CURRID,
D. John. Arqueologia nas terras Bíblicas: nas terras bíblicas um manual destinado
a despertar o interesse e paixão pelo tópico. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
DOBRORUKA, Vicente: Mito e história na Antiguidade: esboço para um estudo de conjunto dos
limites entre religiosidade e metahistória in: Boletim do Centro de
Pensamento Antigo. Vols. 20-21 Campinas: Unicamp, 2008.
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. 7ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2002.
FREIRE, Paulo: Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 37ªed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FINKELSTEIN, I e SILBERMAN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão.
São Paulo: A Girafa, 2003.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas,
sinais: Morfologia e História. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: de Abraão á queda da Jerusalém. PEDROSO,
Vicente (trad.), edição 8ª. São Paulo: CPAD, 2004.
MAZAR, Amihai: Arqueologia na Terra da Bíblia 10 000-86 a C. São Paulo: Paulinas, 2003
[1990].
WERNER, Keller. E a Bíblia tinha razão... TÁVORA, João. (trad.), edição18ª. São Paulo:
Melhoramentos, 1992.
[1] Graduanda em História (licenciatura)
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: lucierecavalcante@yahoo.com.br
Bolsista
do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) pela CAPES, subprojeto-História.
Nenhum comentário:
Postar um comentário