ESPECIAL: quando as famílias fazem da política um patrimônio
Uma
realidade da política sergipana, é que, passando de geração em geração,
vai fazendo com que a ocupação dos espaços de poder se perpetue entre as
poucas e mesmas famílias.
Por Tanuza Oliveira, Portal JL Política Assim como nos negócios, inúmeras
famílias sergipanas empunham o poder pátrio e tentam se perpetuar na
seara política. O eleitor consente e tudo vai em frente. Recentemente, o ex-deputado federal
José Carlos Machado soltou uma de suas pérolas itabaianenses durante
lançamento do livro “Visão da política de Sergipe (1946-2016) – Tudo
como dantes…”, de autoria do desembargador aposentado Manuel Pascoal
Nabuco Dávila: “são oito vagas para federal: já
estão eleitos o filho de Valadares, o filho de Valmir de Francisquinho, o
filho de Jerônimo, o filho de Mitidieri, a filha de João Alves, o filho
de Wagner (genro de Luciano Barreto), e o filho de Pupinha (Carlos
Augusto Ribeiro). Só tem uma vaga, que será do filho da puta”. Com a frase irônica, Machado, até sem
querer, traz à tona uma realidade da política sergipana, que, passando
de geração em geração, vai fazendo com que a ocupação dos espaços de
poder se perpetue entre as poucas e mesmas famílias. O que, em Sergipe, ganha traços ainda
mais visíveis – e naturalmente questionáveis. Por aqui, você certamente
já ouviu falar nos Alves, Franco, Sobral, Reis, Ribeiro, Mitidieri e,
provavelmente, já até votou em alguns deles também. Os Reis, de Lagarto,
por exemplo, já passaram pelo avô, dois filhos, dois netos e, na última
eleição, tentaram emplacar o bisneto. Tudo começou com Arthur Reis, que
foi prefeito do município e deputado estadual. A linhagem política
seguiu com Jerônimo Reis, filho dele, que também foi eleito
vice-prefeito, prefeito de Lagarto e deputado estadual e federal.
Linhagem Política
Mais recentemente, Sérgio e Fábio,
filhos de Jerônimo e netos de Arthur, foram os responsáveis por manter o
sobrenome da família aceso na urna eletrônica. O primeiro foi deputado
federal, mandato ocupado hoje por Fábio pela segunda vez.
Jerônimo Neto foi candidato a prefeito de Lagarto no ano passado, no lugar do avô, impedido por questões judiciais. Sem falar em Goretti Reis, irmã de Jerônimo, que é deputada estadual.
Também em Lagarto, o atual prefeito, Valmir Monteiro, já tem no filho um sucessor. Ibrain Monteiro é vereador e presidente da Câmara do município. Ali, tem ainda o deputado estadual de dois mandatos Gustinho Ribeiro, pré-candidato a deputado federal. É neto do ex-prefeito e do ex-deputado estadual de diversos mandatos Rozendo Ribeiro, além de sobrinho de José Raimundo Ribeiro, o Cabo Zé, identicamente ex-prefeito e ex-deputado estadual. Já em Itabaiana, o sobrenome que
predomina é o Mendonça, que começou com Francisco Teles de Mendonça, o
Chico de Miguel, pai, e os José Teles de Mendonça, ex-deputados estadual
e federal. Chico de Miguel é pai, ainda, de Maria Mendonça, que hoje é
deputada estadual. A irmã dela, Carminha Mendonça, é a vice-prefeita da
cidade. O prefeito Valmir de Francisquinho,
tenta emplacar o filho, Talysson Costa. Em Itaporanga D’Ajuda, quem dá
as cartas são os Sobral Garcez. Antônio Francisco Sobral Garcez, hoje
morto, fez Gracinha, a filha, prefeita, e de Júnior, o filho,
vereador.
Eduardo Macêdo: “Isso acontece desde a colonização do país”
Sobrenomes de peso – E voto O caso dos Franco, com Augusto Franco,
é sobejo: numa única eleição, a de 1982, eles elegeram um senador –
Albano – um federal – Augusto, o pai – e um estadual – Walter. No
passado, Walter Franco, irmão de Augusto, também foi senador. Os Franco deram, ainda, Antônio Carlos
Franco como deputado federal e prefeito de Laranjeiras e o filho dele,
Marcos Franco, como estadual, tendo sido o mais votado na década de 90.
Já Ulisses Andrade deixou a política em 2010, passando o mandato para o
filho, Jeferson Andrade, que vai no exercício do segundo mandato de
deputado. Os Mitidieri, com Fábio, o filho,
federal, e o pai, Luiz, estadual, também fizeram história. Atualmente,
com a provável aposentadoria de Luiz, a filha, Maísa, já vem sendo
cotada para sucedê-lo. Angélica Guimarães deixou a política depois de
cinco mandatos de estadual, botou o marido, Vanderbal Marinho, em cena e
ele já fala em reeleição no ano que vem. O senador Antônio Carlos Valadares,
PSB, arrasta o herdeiro, Valadares Filho, há três mandatos de federal.
Carlos Magno era prefeito de Estância e tinha um filho, Tito Magno,
vereador. Antes, numa outra vez, foi deputado estadual e a mulher, Deise
Garcia, virou prefeita. Em Malhador, Elayne de Dedé herdou a Prefeitura
do pai, Dedé do Inhame, que foi prefeito por diversas vezes. A família Alves, de João Alves Filho e
Maria do Carmo, ex-governador e senadora, não parece se bastar nestes
dois vínculos. Está sendo anunciada a candidatura da jornalista Ana
Maria Alves, filha dos dois, a deputada federal para o ano que vem. É
como se a roda familiar tivesse que girar. Herança Política O deputado estadual Georgeo Passos
também se elegeu com a força do nome. O pai dele, Antônio Passos, hoje é
prefeito de Ribeirópolis e também já passou pela Assembleia
Legislativa, onde seu pai, Chico Passos obteve cinco mandatos. André Moura, ex-prefeito de Pirambu e
atual deputado federal, tratou de colocar a esposa, Lara Moura, prefeita
de Japaratuba, na política, cuja herdou de espaço ele levou do pai,
Reinaldo Moura. O próprio governador Jackson Barreto, que, não tendo
filhos, tentou eleger deputado estadual o irmão, Jugurta Barreto, de
quem sempre foi muito próximo. Não deu. Esses exemplos mostram como alguns
políticos de Sergipe compreendem a política como uma espécie de carreira
profissional familiar, o que, para o advogado Eduardo Macêdo,
professor de Direito Constitucional e Direito Eleitoral, mestre em
Direito Constitucional pela Universidade Federal do Ceará e doutorando
em Direito Político e Econômico da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
é perceptível não apenas no Brasil, mas em países da América Latina e
América do Sul de forma geral. “No Brasil e em Sergipe, é nítida essa
situação que se espraia no Legislativo e no Executivo, seja estadual ou
municipal. Isso acontece desde a colonização do país e tem origem nas
oligarquias, em que o poder era exercido por um pequeno grupo de pessoas
que pertenciam à mesma família”, explica o professor Eduardo Macêdo.
Marcelo Ennes: “No Brasil, aconteceu processo característico de sobreposição do Estado e da família às leis”.
Passado que se impôe De fato, a tradição de costumes como
fator histórico e cultural está arraigada na sociedade. Afinal, o Brasil
foi construído sob um regime escravocrata e servil, que, com o decorrer
dos séculos, foi preservado de forma velada, dificultando aos pobres,
aos negros, aos índios e à população minoritária o acesso à educação, ao
salário justo e aos meios de produção, como explica o professor. “Nessa luta diária da sobrevivência,
em que falta tudo, essas categorias sociais continuam a lutar, mas não
no sentido amplo, para concretizar seus direitos. Com isso, não há
debate político que propicie o amadurecimento político suficiente para
uma verdadeira revolução no agir e no pensar da política partidária”,
justifica. Dessa forma, segundo Eduardo, sem
demérito algum aos governantes que foram eleitos e que têm origem
familiar na política, o prejuízo dessa perpetuação resulta justamente na
total ausência de alternância do poder. Velho novo X Novo velho Havendo, portanto, uma frustração de
expectativas. “Nos resta a indagação: será que se fosse uma pessoa nova,
sem vínculos familiares ou de grupamentos, não seria melhor?”,
questiona. Outra questão que se impõe nesse cenário é se o bem público
perde ou ganha com esta apropriação familiar. “O histórico da política ruim, ou
seja, daqueles que prestam um desserviço ao país, tem sido desnudado a
cada dia com essas notícias nefastas, mostrando que a apropriação da Res
pública, ou seja, da coisa pública, tem ocorrido independentemente de
vinculo familiar”, pondera Eduardo. Que continua: “pessoas novas na
política, até mesmo em primeiro mandato, já se contaminam “pelo poder” e
não compreendem a grandeza da sua função como agente política que tem
por dever e obrigação zelar e aplicar corretamente os recursos públicos.
Repito sempre que o mandato político é um sacerdócio e uma vocação. Há
um grave equívoco daqueles que entendem que o exercício do manto
político é meio de enriquecer”, opina. Mas esse familiarismo não faculta a
corrupção? O professor acredita que o grau de parentesco para concorrer
nas eleições e se eleito exercer o mandato político não pode, por si só,
ser motivo para facilitar ou propiciar a corrupção. “Ela é endêmica e ocorre no mundo todo, desde os primórdios da civilização, em maior ou menor grau”, diz ele.
Moritos Matos: Enquanto famílias fazem de tudo para se manter no poder, interesses do povo são deixados de lado.
Nepotismo, a consequência Outra questão que se apresenta quando o
contexto é a predominância de determinadas famílias no poder é o
nepotismo, que se configura pela contratação de parentes para o serviço
público e faz todo o sentido quando o objetivo é promover a sucessão
familiar. E, embora haja expressa vedação ao nepotismo, na prática essa
proibição não vem sendo respeitada. “Sem sombra de dúvidas, a primazia
dos laços familiares continua se sobrepondo ao interesse público, o que
fortalece ainda a manutenção no poder”, confirma Eduardo Macêdo. O
professor não acredita na falta de opção como um facilitador para esse
continuísmo. Na verdade, ele diz que está mais para “analfabetismo político”. “Não a política partidária, mas a política enquanto sinônimo de cidadania”, define. Isso porque, para ele, analisando os
nomes e candidatos que se apresentaram, por exemplo, no último pleito
eleitoral, seja para majoritário ou proporcional, não é preciso nenhum
esforço para identificar candidatos estreantes, inclusive pessoas com
histórico de prestação de serviços à sociedade, seja como empresário,
seja como professor, ou outra atividade comunitária. Era mandonismo “Entretanto o eleitor não
compreende a grandeza do ato daqueles que se habilitam e colocam o seu
nome para escolha no voto. Penso que a comodidade e a falta de
compreensão do que a mesmice representa, de que não permite o despertar
de uma consciência cidadã e via de consequência a vontade de apostar que
o seu voto, pode fazer a diferença”, ressalta. O sociólogo Marcelo Ennes, que é
pós-doutor na área, também afirma que essa prática do continuísmo é um
tema central na política de forma geral, mas que, no Brasil, ganha
alguns contornos próprios. “Em outros países, há uma tendência de
distanciamento entre as famílias e o Estado, porque o Estado moderno vai
se baseando nas lei e normas, que são universais dentro do país. No
Brasil, aconteceu um processo característico de sobreposição do Estado e
da família às leis, processo que o autor Sérgio Buarque de Hollanda
define como um dos traços da política brasileira”, analisa Marcelo Ennes. Segundo ele, essa sobreposição é o que
vai dar origem ao mandonismo, que substitui as relações baseadas na
lei, na universalidade e racionalidade pelos princípios do afeto, das
trocas de favores, e porque não dizer, dos laços sanguíneos. “Em
Sergipe, isso é muito forte, sim. Mas não só aqui. Eu, por exemplo,
venho de uma cidade pequena do interior de São Paulo, e desde que virou
município, há uns 30 anos, a Prefeitura está nas mãos da mesma família.
Isso é típico da cultura política brasileira”, reforça.
Valadares pai e Filho, um dos casos antigos de tradição e poder.
Público X Particular De acordo com ele, obviamente essa
prática do mandonismo não ocorre só na política, mas também nos
negócios. No entanto, na política é mais devastadora por se tratar da
coisa pública – e não da particular, como nos negócios empresariais. “Esse perfil é um terreno no qual a corrupção prospera, germina e floresce com muita força”,
admite. Mas não era pra ser assim, já que, para Marcelo, o Brasil é um
país que tem uma estrutura política, administrativa e normativa muito
desenvolvida. “Temos Estatuto da Criança, do
Idoso. Temos o Tribunal de Contas da União, que é nosso quarto poder e
fiscaliza de maneira detalhada o serviço público. Como podemos ter uma
corrupção tão forte num país tão bem aparelhado legalmente? E aí você vê
a importância das relações familiares, que burlam esse sistema”, esclarece. Enquanto isso, quem vai sofrendo é o
povo, como bem coloca o deputado estadual Moritos Matos, Pros, que está
em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa, depois de ter tido
dois mandatos de vereador, sem ter qualquer tradição política na
família, e pretende parar por aí. “Vejo que quando o poder passa de
família para família, criando uma hegemonia para se manter no poder, os
interesses do povo ficam de lado”, atesta Moritos. “Política é missão” Questionado pelo JLPolítica sobre se a
falta de tradição política o prejudicou perante os adversários de
eleição, ele garante que sim. “Não tenho parente na política, não
tenho tradição e não pretendo colocar nenhum dos meus filhos. Acho que
meus filhos devem seguir suas próprias vidas, suas profissões. Entendo
política como missão. Acredito nisso. Então, assim que terminar, volto
para minha vida comum, de cidadão”, afirma. O deputado Moritos Matos assegura que
só disputará a reeleição e para, como fez com os mandatos de vereador.
“Há um jogo muito grande nos bastidores para que essas pessoas se
mantenham no poder. Vão se perpetuando, vão passando de pai pra filho,
pro neto, e o essencial, que é a população, sofre. De certa forma, isso
atrasa o Estado. Se eu for e preocupar em colocar meu filho, vou agir de
forma diferente da que ajo hoje, porque vou agir em prol dos meus
interesses e não do interesse principal, que é o da população”,
argumenta Moritos. Mas como mudar esse ciclo vicioso? Há como? Os sociólogos são unânimes em dizer que a solução está no povo. “A
mudança tem que vir dos cidadãos, de baixo. É aquela lógica do
consumidor de que se não gosta, não consome. O eleitor tem que sinalizar
que está descontente, falando, participando, não se omitindo,
procurando se inteirar da política, que apesar de difícil, é necessária.
A vida em sociedade depende da política, por isso temos que
qualificá-la, provocar uma mudança”, sugere o professor Marcelo Ennes.
Os Reis podem se traduzir no exemplo mais duradouro dessa não alternância. Quem discursa é Jerônimo Reis Neto. O avô observa.
Mudança vem do eleitor De acordo com ele, trata-se de um
problema complexo que, na verdade, exige várias soluções, que passam
pelo esclarecimento e qualificação como cidadão, como pessoa e, óbvio,
como eleitor. Eduardo Macêdo concorda. “Temos que continuar
tentando. Não nos resta outra alternativa. Independentemente de
propostas de reforma política, que em verdade nada pretendem reformar e
sim possibilitar que não haja alternância e tão pouco a ampliação do
acesso a novos cidadãos aos cargos políticos. Apenas o aperfeiçoamento
do grau de consciência e educação política poderá modificar, embora
lentamente, o quadro atual dos ocupantes dos cargos do Legislativo e do
Executivo”, presume. Para o historiador Valter Albano, o caminho é mesmo esse. “Temos
muitos jovens talentos nas academias. O que tem acontecido é um
prejuízo intelectual, pois a inteligência não está só nessas famílias. A
democracia é dinâmica. A alternância de poder oxigena a sociedade,
partindo desse princípio, essas dinastias hereditárias tratam a política
como mordaça, como uma camisa de força, limitando a sociedade a essa
elite”, opina Valter. Ele acrescenta que a juventude tem papel importante nisso. “Se a gente não ousar perante a juventude, vai ousar com quem? A juventude é a renovação”,
diz. Em tempo, o JLPolítica não ouviu as famílias citadas nem as demais
que estão envolvidas na política sergipana, porque, como nossos
entrevistados disseram, trata-se de uma prática geral – e irrestrita –
tornando, portanto, a entrevista a todos eles humanamente impossível, já
que a cada dia surgem novos candidatos e, ao que parece, com o grande
desejo de mudar. De mudar a vida dele e a da família também.
Os Franco desta feita tem apenas a suplência de senador, de Ricardo Franco (último a esquerda)
No mês
de agosto de 2013,a Escola Júlia Teles
foi incendiada, essa ação representou a culminância de uma sequência de
furtos,resultado da ausência de pessoal
na área da segurança patrimonial, assim como o abandono a que a escola é vitima
desde mais de uma década.
Entretanto,
já que não tem um mal que não traga um
bem, conformeafirma o ditado
popular,o incêndio possibilitou pela
primeira vez em muito tempo,apresença de representantesda secretaria da educação na escola, para
ouvir as necessidades e os anseios da comunidade, após aida de umacomissãoformada por um grupo de
15 pessoas ao gabinete do secretário.
Essa
comissão foi composta com representação de professores, alunos e pais, os quais
contaram com o apoio logístico do
mandato da Dep. Ana Lúcia.
Nestas reuniões,
foram assumidos alguns compromissos que foram registrados em ata e relatório.
No entanto, as realizações até o momento, decorridos quatro anos, foram
emergenciais/parciais eo principal - a reforma da escola e o preenchimento completo
do quadro de professores e funcionários -
aguarda a sensibilidade e a boa vontade do governador Jackson Barreto e do
professor Jorge Carvalho, secretário da
educação.
Isso
tem trazido como consequência, a necessidade de estar fazendo os mesmos
serviços após algum tempo, porque trata-se de ações paliativas ou incompletas e
que colaboram para a não superação do quadro de precariedade e insegurança.
No
campo do preenchimento de cargos é preciso encerrar o passivo, o que esteve
mais distante.
É uma
situação similar a do paciente que está sempre se tratando no serviço médicode
emergência, sem lançar mão da necessidade de realizar a consulta e tratamento
com especialistas.
Entre
outras palavras, a doença crônica permanece e avança sobre outras áreas ou
dimensões. No caso da escola, com reflexos na disciplina e situações latentes e
reais de violência.
A
organização sistematizada dos compromissos abaixo, foi possível graças a uma relatório
e umaata, elaborados respectivamente pelos professores Lélia Maria da Silva Siqueira e José de
Oliveira Santos “Zezito de Oliveira”. O primeiro
de19 de julho de 2013 e a segunda de 08
de agosto de 2013.
Compromissos cumpridos:
Inicio de uma obra de
pequena monta, o quequer dizer,serviço de obra emergencial que faz reparos,
consertos e pequenas construções ligadas ao
telhado, eletricidade, pintura, muro e partehidráulica.
Retirada total das mesas e bancos de alvenaria do
refeitório, substituindo por mesas e cadeiras de plástico, permitindo a
utilização do espaço do refeitório para aulas,atividades culturais e eventos sociais.
Contratação de uma
empresa terceirizada de segurança.
Contratação de uma
empresa para instalar o serviço de monitoramento interno por meio de câmaras
eletrônicas. Compromisso cumprido no segundo semestre de 2016.
Compromissos cumpridos de forma
parcial:
Lotaçãode
mais professores, técnicos especialistas
e funcionários para osserviços de
apoio. Esta demanda foi cumprida, porém de forma incompleta.
Construção
de um muro gradeado na frente da escola. Realizado de forma parcial, porque a
demanda apresentada foi na extensão do muro de toda a escola.
Compromissos não cumpridos:
A presença do programa
Cidadania nas Escola. A equipe esteve na escola somente uma vez.
Doação de uma parte do terreno excedente da escola
para a secretaria da segurança, prefeitura e etc. para contribuir com a
segurança, educação, assistência social ou cultura, através da construção de
equipamentos que possam servir a população. Houve sugestão para ser
construídoum parque infantil e/ou uma
brinquedoteca para as crianças menores, assim como um auditório para
apresentações artísticas, reuniões, festas de família e etc.. Para suprir a
falta que faz oauditório existente no
antigo CAIC, bastante requisitado pela comunidade.
Construçãode uma nova quadra de esporte. Tendo sido esta interditada e demolida
por medida de segurança.
E o principal: O serviço de
reforma estrutural da escola, conforme prometeu o Secretário Belivaldo Chagas
em 06/08/2013.Cf.http:// www.seed.se.gov.br/portaldoaluno/noticia.asp?cdnoticia=7583. “ Belivaldo
Chagas garantiu ainda ao grupo que, paralelamente à reforma emergencial, os
engenheiros da SEED estão preparando um projeto para reforma geral e ampliação
da escola. "Já investimos R$ 16 milhões em reforma e ampliação das escolas
de Socorro. Esse valor chegará a R$ 29 milhões com a construção de uma escola
de ensino médio com seis salas de aula. O prédio será construído no conjunto
Jardim, mesmo local em que está instalada a Escola Júlia Teles.”
Método utiliza análise sobre o nível de sobrevivência de um microcrustáceo
Um dos rios que embelezam Aracaju está sendo vítima da própria
cidade. A poluição do rio Poxim, que também é fonte de sustento de
famílias de pescadores, é bastante conhecida e já foi alvo de diversos
estudos. Agora, um experimento pioneiro desenvolvido no Laboratório de
Estudos Ecotoxicológicos da Universidade Federal de Sergipe (UFS)
confirmou os impactos degradantes sofridos pelo rio, através de um teste
que verifica a contaminação da água de acordo com o nível de
sobrevivência de um microcrustáceo.
Os misidáceos - como são conhecidos os indivíduos da espécie Mysidopsis juniae
- são pequenos crustáceos parecidos com o camarão. São organismos muito
sensíveis e sua utilização para esse tipo de experiência, em águas
salinas e salobras, é a única regulamentada pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT). Em Sergipe, o Laboratório de Estudos
Ecotoxicológicos é o primeiro a utilizar a espécie para testes em águas
salinas ou salobras, que são, respectivamente, as do mar e as dos
estuários - estes são a parte de um rio ou o conjunto de rios (bacia
hidrográfica) na desembocadura com o mar; todo o trecho do rio Poxim que
percorre Aracaju é de águas estuarinas.
O experimento com
misidáceos foi o primeiro realizado no estuário do rio Poxim e rendeu
aos pesquisadores uma premiação no X Encontro de Recursos Hídricos em
Sergipe (Enrehse), realizado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
dos Recursos Hídricos (Semarh) no último mês de março. A pesquisa foi
desenvolvida pelos estudantes Anderson Alex Oliveira dos Santos e Meggie
Karoline Silva Nascimento e supervisionada pela professora do
Departamento de Ecologia Jeamylle Nilin. A professora é a responsável
pelo laboratório e orientou Anderson em seu trabalho de conclusão do
curso de Ecologia, inaugurando a pesquisa com misidáceos no rio Poxim,
com a colaboração de Meggie, também estudante do curso.
A pesquisa, segundo Jeamylle Nilin, reforça a necessidade de implementação de políticas públicas para o saneamento básicoSegundo
Jeamylle, desde o final de 2013 o laboratório dispõe de um cultivo de
misidáceos para suas análises. “As primeiras espécies foram adquiridas
de outro laboratório e, a partir de então, a população se mantém através
da reprodução”, explica. “Os misidáceos se alimentam de outro
microcrustáceo, a Artemia sp, também cultivado no laboratório”, detalha Jeamylle.
A
análise realizada pela equipe consiste em coletar água do rio em pontos
distintos. Essa amostra é então distribuída em três recipientes
(béqueres), nos quais, em cada um, são colocados 10 indivíduos dos
misidáceos, vivos, juvenis com idade de 1 a 7 dias. Os cientistas então
avaliam a qualidade da água de acordo com o índice de sobrevivência dos
misidáceos, comparando-o ao controle, que é outro recipiente contendo
outros 10 indivíduos, porém em água “limpa” - salgada artificialmente
(ver infográfico).
No estudo das águas do rio Poxim, foram
realizadas 6 coletas – em agosto, outubro e dezembro de 2014; e em
fevereiro, abril e julho de 2015 -, em três pontos da cidade de Aracaju:
na ponte Gilberto Vila Nova de Carvalho, bairro Inácio Barbosa; no píer
do Parque dos Cajueiros; e na ponte Godofredo Diniz, que liga os
bairros 13 de Julho e Coroa do Meio.
“Os
locais foram selecionados por abrangerem o estuário do rio Poxim, na
área habitacional de Aracaju”, esclarece Anderson Santos. “A escolha foi
também de acordo com o método de coleta, a partir de pontes ou píer,
porque coletar nas margens pode interferir nas amostras, por causa dos
sedimentos”, completa. Resultados
A
pesquisa de Jeamylle e seus alunos confirmou o que outros métodos já
indicavam: a baixa qualidade ambiental das águas do rio Poxim. As
pesquisas apontam para toxidade aguda nas amostras coletadas nos meses
de agosto/2014 e fevereiro/2015, na ponte do Inácio Barbosa e no Parque
dos Cajueiros. Já em dezembro/2014, a toxidade aguda foi verificada nas
amostras de todos os pontos coletados.
Os resultados mostram que a
contaminação das águas diminui no período chuvoso e aumenta no período
de estiagem. Jeamylle Nilin explica esse efeito. “Isso acontece porque o
Poxim recebe muito esgoto, sem tratamento”, alerta a professora. “O
esgoto, principalmente o doméstico, é um dos principais causadores da
baixa qualidade do rio”, analisa.
Anderson Santos alerta sobre o impacto que o ser humano pode causar no seu próprio ecossistemaIsso
mostra porque os resultados das amostras coletadas no bairro Inácio
Barbosa indicam maior contaminação: a região é a de maior densidade
habitacional nas margens do Poxim. Nesse trecho, as águas do rio já vêm
trazendo também a poluição recebida nos bairros Jabutiana e Santa Lúcia,
área em processo avançado de expansão imobiliária. Ironicamente, a
vegetação ciliar do Poxim vem dando lugar a condomínios com nomes
ligados à natureza: Flores, Verde, Bosque, Serras, Fontes.
Além da
poluição produzida pela urbanização em suas margens, os rios que cortam
Aracaju recebem ainda as águas contaminadas de mais de 70 canais que
fazem a macrodrenagem da cidade. Análises microbiológicas e
físico-químicas mostram que o Poxim apresenta índices de nitrogênio
amoniacal e amônia não ionizada acima do permitido pela resolução
357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), nas amostras
das três coletas, em todos os meses - com exceção, apenas, dos meses de
outubro de 2014 e abril de 2015, na ponte do bairro 13 de Julho, já
próximo ao rio Sergipe e ao mar.
“Na verdade, os canais daqui são
riachos que foram modificados e transformados para fazer a
macrodrenagem”, alerta Jeamylle, “esse é o grande problema, porque o
humano ocupou muito a região costeira e transformou rios e riachos em
canais de esgoto”.
Meggie Nascimento: dados foram apresentados em evento que recebeu gestores públicosSegundo dados oficiais
do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS) de
2014, apenas 36,5% dos domicílios de Aracaju tinham coleta e tratamento
de esgoto. “Então esse é um ponto muito importante, que reforça a
necessidade de implementação de políticas públicas para o saneamento
básico: ainda temos um grande caminho a percorrer”, destaca Jeamylle. A
professora ressalta as consequências da falta de cuidados com a
hidrografia de Aracaju. “O esgoto, uma vez que vai pro rio, vai para o
mar, e isso afeta tanto do ponto de vista ecológico, quanto turístico e
social”, assinala.
Nesse aspecto, a estudante Meggie Nascimento
salienta a relevância da premiação concedida à pesquisa pela Secretaria
de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. “Além da satisfação
pela conquista, foi importante porque apresentamos esses resultados em
um evento onde estavam presentes muitos gestores públicos”, analisa.
Imagem de satélite mostra esgoto de um canal sendo despejado no estuário dos rios Poxim-SergipePesquisa e premiação
O
Laboratório de Estudos Toxicológicos foi instalado em 2013 e ficou sob
responsabilidade da professora Jeamylle Nilin, que ingressara naquele
ano no Departamento de Ecologia da UFS. A partir daí, a doutora em
Ciências Marinhas Tropicais pela Universidade Federal do Ceará formou
equipes de estudantes para pesquisar a ecotoxicologia em águas salinas e
salobras. Anderson Santos e Meggie Nascimento faziam parte dessas
pesquisas e as utilizaram nos seus trabalhos de conclusão de curso.
Enquanto
Meggie focou seus estudos na linha voltada aos compostos químicos,
Anderson trabalhou com as amostras ambientais, área que envolve a
pesquisa com os misidáceos no rio Poxim. “No entanto”, detalha Meggie,
“o trabalho no laboratório é coletivo, dessa forma todos contribuem com
as pesquisas dos colegas”. A estudante apresentou os resultados no
Enrehse porque, quando este foi realizado, Anderson já havia concluído a
graduação, enquanto Meggie estava cursando o mestrado em Ecologia. “E
também porque, como colaborei na pesquisa, conhecia os dados e os
resultados”, destaca.
“O prêmio serviu também para dar
visibilidade ao curso de Ecologia, que é relativamente novo”, acrescenta
Anderson (o curso foi criado em 2010). “Demonstra também a preocupação
em dar um retorno à sociedade, mostrando o impacto que o ser humano pode
causar no seu próprio ecossistema: o Poxim, um rio urbano completamente
poluído, sem saneamento”, pontua.
Jeamylle explica que a relação
entre a população e o meio ambiente tem mudado com o tempo. “Por muito
tempo se percebia que o pensamento que prevalecia era o de ‘poluir,
porque a natureza vai diluir’”, resume. “Nas últimas décadas,
entretanto, consideramos um novo paradigma, o do ‘bumerangue’, ou seja, a
compreensão de que tudo o que fazemos contra o meio ambiente acaba
voltando contra nós”, ilustra a docente.
Apesar de essa nova
perspectiva estar mais difundida, Jeamylle analisa que a situação ainda
se encontra distante do ideal. “As interferências no meio ambiente e
seus impactos são enormes, enquanto eliminá-las completamente é muito
difícil de acontecer”, reflete. A pesquisadora esclarece que o meio
ambiente tem uma capacidade regenerativa, ou seja, até se recuperaria se
a poluição cessasse. Como essa possibilidade é remota, o ideal é que
haja uma convivência sustentável entre a cidade e o ambiente.
“Precisamos auxiliar o rio a melhorar, a se regenerar, através de
técnicas de limpeza, tratamento da água. E, claro, quanto menos
interferência, melhor”, conclui. Marcilio Costa comunica@ufs.br