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domingo, 14 de março de 2010

Falta de tênis gera polêmica em escola da rede estadual

Fonte: Aldaci de Souza - Infonet
9/3/2010

A mãe de uma adolescente denunciou que a filha foi impedida de entrar na Escola Júlia Teles, no conjunto Jardim, porque o tênis rasgou

Repercutiu durante toda a manhã desta terça-feira, 9, a reclamação de uma mãe dando conta de que a filha, uma adolescente de 13 anos, foi impedida de entrar na Escola Júlia Teles, localizada no conjunto Jardim, município de Nossa Senhora do Socorro, porque não tem tênis. Procurada pela reportagem do portal infonet, a direção da escola informou “ter havido um desencontro de informações”.

A mãe da adolescente afirmou não gostar de escândalos, mas que a exigência do calçado a deixou irritada. “O tênis de minha filha descolou na última sexta-feira, 5. Ontem [segunda-feira], ela foi à escola usando uma sapatilha e pedi que ela explicasse que somente vou poder comprar outro no final do mês", destaca ressaltando que trabalha como auxiliar de serviços gerais e além da adolescente, tem um filho de quatro anos.

Ela ressaltou ter ficado surpresa quando a menina chegou e disse que hoje [terça-feira] ela só poderia entrar de tênis. "Eu nem costumo fazer denúncias, mas isso é um absurdo. A direção precisa respeitar que não tenho condições e entender que os alunos só não podem entrar nus. O importante é o comportamento. É o estudo”, acredita Cláudia Assunção das Neves, mãe da garota lamentando ter ficado sabendo que na mesma escola a exigência do uso do tênis está sendo feita a uma mãe com sete filhos.

Na escola, a diretora Noelice Nery afirmou que a garota teria dito à coordenação que estava de sapatilha, mas que nesta terça-feira, 9, a mãe iria comprar o tênis. “Ela não foi impedida de assistir aulas. Houve um desencontro de informações, o que não é desculpa. Acabei de falar com Dona Cláudia e ela relatou ter ficado chateada, mas expliquei que o que a pedagoga me passou foi que a menina disse que a mãe estaria comprando o tênis nesta terça. Então eu disse que sendo assim, hoje ela deveria entrar de tênis, já que ia comprar”, explica Noelice Nery.

“Organização”

A diretora disse ainda que ano passado quando se iniciou o período de matrículas, foi afixado um cartaz na entrada da escola dando conta da exigência do fardamento. “Por questão de organização e identificação do aluno, colocamos no dia 20 de dezembro de 2009 um cartaz informando sobre o fardamento, justamente demos esse prazo razoável para que as mães pudessem providenciar. Posso garantir que não houve e nem haverá prejuízos para a menina, que por sinal é uma excelente aluna”, reconhece a diretora da Escola Júlia Teles.

Quanto à mãe com sete filhos, Noelice Nery disse que a situação está sendo solucionada. “Eu mesma já trouxe um tênis para uma das crianças”, enfatiza.


Meu comentário

Se não conhecermos o contexto local onde o fato aconteceu, podemos tecer considerações limitadas sobre o problema e suas possíveis soluções; sem deixar de considerar a pertinência das opiniões expressas por quem tomou a iniciativa de manifestar-se a respeito do fato, acrescentarei um ponto de vista na perspectiva de contribuir na prevenção desses e de outros conflitos relacionados a problemas de indisciplina, violência psiquica e fisica que vez em quando ganham as manchetes dos sites, jornais e programas de rádio e televisão.

Primeiramente, ao retornar às minhas atividades docentes, no conjunto Jardim, após um período de trabalho no setor cultural, me deparei com uma auto-imagem bastante negativa por parte de uma parcela expressiva dos alunos matriculados na Escola Estadual Júlia Teles, o que não ocorre com tanta ênfase em outras escolas localizadas no mesmo bairro, cuja forma de lidar com uma série de problemas neste campo é vista por muitos alunos (as) e pais como exemplar, em função de algumas regras disciplinares, consideradas rígidas.

Como estratégia para o enfrentamento dessa situação foi colocada a opção de incorporar ao regimento escolar dessa unidade de ensino algumas normas que perpassam os documentos e o cotidiano administrativo e pedagógico das outras unidades de ensino da região.

Ao abordar as possibilidades de enfrentamento das questões relacionadas à disciplina em todas as suas dimensões, faz-se necessário considerar o disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, por este motivo, é bastante pertinente levá-lo em consideração na formulação das normas de convivência interna das instituições escolares.

A despeito do desconforto para todos os envolvidos, tanto direta, como indiretamente, o fato impõe uma tarefa para os técnicos das secretarias de educação: examinar todos os regimentos e normativas internas das escolas, com o fim de ajudá-las na prevenção de dispositivos que não se coadunem com o disposto no ECA e em outras leis, como a LDB, o Estatuto da Igualdade Racial (no que couber) etc..

Talvez a palavra “ajuda” seja a mais apropriada para estes e tantos problemas que afligem a todos que labutam diariamente no chão da escola.

P.S.: Quanto a outros tipos de “ajudas” mais estruturantes, recomendo a leitura de um texto da minha autoria, distribuído como mensagem de natal através das redes sociais das quais participo, na internet.


http://www.overmundo.com.br/banco/o-natal-e-a-e-terna-crianca-que-nos-habita-1
Professor Zezito

2 comentários:

  1. Quero lhe parabenizar, Zezito pelo blog. Eu não consigo entender certa ideologia de determinada diretoria e escola, porque não tem esta mesma exigência com a qualidade do ensino.Pois percebo que a Escola Julia Telles não tem a mesma exigência com ensino que estar proporcionando aos seus educandos, o que deveria ser prioridade da mesma. Até porque o regimento de uma escola não é maior do que a CONSTITUIÇÃO, só fico triste por que a diretora me parecia uma pessoa mais inteligente.

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  2. De fato a questão da qualidade de ensino é urgente e desejo que a sociedade continue pressionado todos que tem responsabilidade com isso.
    Também enquanto alunos, pais de alunos, representantes da comunidade temos um papel a cumprir.
    Recomendo que você ouça um dos maiores jornalistas especializados em educação, Gilberto Dimnstein que fornece dicas de participação da comunidade nas questões da educação. Procure a rádio CBN (www.cbn.com.br)
    e clique em cima do nome do jornalista e os programas em áudio estão disponiveis em qualquer horário.
    Grato pela visita e pelo comentário.

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