Dilma discute propostas para Segurança Pública
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22.08.2010
A candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff, se encontrou hoje com assessores no escritório político, em Brasília, para finalizar as propostas de Segurança Pública no programa de governo. Alguns pontos discutidos foram a segurança nas fronteiras para combater o crime organizado, a melhoria do sistema penitenciário e a agilidade da Justiça.
Segundo ela, o combate ao crime exige valorização dos policiais que devem ter melhores salários e formação adequada. Um exemplo é o Bolsa Formação que paga R$ 400 para custear estudos do policial. “A gente quer trabalhar com uma polícia do século XXI e não com uma polícia que se baseia pura e simplesmente no policiamento ostensivo.”
Dilma lembrou que a Segurança Pública deve estar articulada com mecanismos que garantam uma política penitenciária adequada. Segundo ela, é importante lembrar que o governo do Rio fez uma parceria importante com o governo federal para resolver a questão dos presos de alta periculosidade. "Isso diminui o uso dos presídios como plataforma do crime”, afirmou.
Dentro das ações de inteligência, a candidata destacou o Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant), que permite um patrulhamento eficaz das fronteiras. O Vant voa por quase 23 horas e detecta tudo que esteja acima de 50 centimetros do solo. “Isso permite perceber transporte de armas, drogas e movimentações suspeitas, além de agilizar a ação, tornando-a em tempo real”, disse, lembrando que pretende adquirir mais 10 Vants.
Unidades pacificadoras
As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), segundo Dilma, têm sido um dos elementos mais importantes para derrotar o crime no Rio de Janeiro. “Eu considero que uma grande tarefa no governo, a partir de 2011, e nos outros governos que vierem, será combater e derrotar o crime.”
Dilma comentou a ação policial no Rio de Janeiro realizada ontem, quando bandidos invadiram um hotel de luxo na cidade durante uma fuga. “Se nos fizermos um balanço isento, vamos ver que a polícia agiu prontamente, rápido e prendeu os criminosos.”
Para Dilma, o Rio de Janeiro obteve grandes avanços e um combate sistemático ao crime organizado e ao tráfico de drogas, graças à parceria do governo do estado, das prefeituras com o governo federal.
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segunda-feira, 20 de setembro de 2010
QUEM FOI A PROFESSORA JÚLIA TELES (2)
PROFESSORAS SERGIPANAS CELIBATÁRIAS E OS DISCURSOS DE JOSÉ RODRIGUES DA COSTA DÓRIA (1908 A 1911): CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTÓRIA DA PROFISSÃO DOCENTE.
Nivalda Menezes Santos
Universidade federal de Sergipe
2. História da profissão docente e das instituições escolares.
Este estudo é parte da pesquisa que está sendo realizada com a finalidade de encontrar as evidências que comprovem a prática do celibato pedagógico feminino em Sergipe nas três primeiras décadas do século XX. Tem como objetivo analisar as discussões acerca dessa temática no período de 1908 a 1911, época em que José Rodrigues da Costa Dória1 administrou o Estado. Dentre as estratégias mobilizadas por este governante, na tentativa de resolver os problemas crônicos da educação sergipana, uma foi utilizada para evitar a contratação de mulheres casadas no magistério a fim de reduzir o número de licenças que solicitavam.
Numa dessas tentativas, Dória terminou sendo denunciado pela professora pública do povoado Terra Vermelha de nome Isabel Giuidice Lima, por ter cortado seus vencimentos quando esta deu entrada em requerimento solicitando noventa dias de licença, alegando encontrar-se em estado adiantado de gravidez. Ridicularizado, passou a ser destaque quase que diariamente no Diário da Manhã, jornal que dava conta dos atos da sua administração e que não lhe poupava críticas sobre a situação da educação no Estado.
QUADRO 1: Identificação de sergipanas que atuaram no magistério e outros espaços públicos, nas primeiras décadas do século XX. Nº
NOME
ESTADO CIVIL
PROFISSÃO
01
Rosa Moreira Frião
Casada
Professora
02
Antonia Angelina de Figueiredo Sa
Casada
Professora
03
Carlota Sales de Campos
Casada
Professora
04
Cesartina Regis
Casada
Farmacêutica e professora
05
Vivinha Sebrão
Casada
Escritora e poetisa
06
Guiomar Calazans Gonçalves
Casada
Odontóloga
07
Mª da Conceição Perdigão Ferraz (Concita Ferraz)
Solteira
Poetisa
08
Ítala Silva de Oliveira
Solteira
Professora/médica
09
Flora do Prado Maia
Casada
Romancista, cronista e poetisa
10
Maria Carmelita Cardoso Chagas
Casada
Professora
11
Maria da Conceição Melo Costa (Cecinha)
Casada
Professora
12
Etelvina Amália de Siqueira
Solteira
Professora
13
Eufrozina Amélia Guimarães (Zizinha Guimarães)
Solteira
Professora
14
Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro
Solteira
Professora
15
Norma Reis
Solteira
Professora
16
Genésia Fontes (D.Bebé)
Solteira
?
17
Leonor Telles de Menezes
Solteira
Professora
18
Pláceres Motta
Solteira
Poetisa
19
Maria Marieta Teles de Meneses
Solteira
Professora
20
Leyda Regis
Solteira
Professora
21
Maria Rita Soares de Andrade
Solteira
Professora/advogada/jornalista
22
Júlia Telles da Costa
Solteira
Professora
23
Maria Luiza Prado
Solteira
Professora e comerciária
24
Amália Soares de Andrade
Solteira
Poetisa
25
Francisca Marsillac Fontes (Sinhazinha)
Solteira
Odontóloga
Leia mais em:
http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuais-coautorais/eixo02/Nivalda%20Menezes%20Santos%20-%20Texto.pdf
Nivalda Menezes Santos
Universidade federal de Sergipe
2. História da profissão docente e das instituições escolares.
Este estudo é parte da pesquisa que está sendo realizada com a finalidade de encontrar as evidências que comprovem a prática do celibato pedagógico feminino em Sergipe nas três primeiras décadas do século XX. Tem como objetivo analisar as discussões acerca dessa temática no período de 1908 a 1911, época em que José Rodrigues da Costa Dória1 administrou o Estado. Dentre as estratégias mobilizadas por este governante, na tentativa de resolver os problemas crônicos da educação sergipana, uma foi utilizada para evitar a contratação de mulheres casadas no magistério a fim de reduzir o número de licenças que solicitavam.
Numa dessas tentativas, Dória terminou sendo denunciado pela professora pública do povoado Terra Vermelha de nome Isabel Giuidice Lima, por ter cortado seus vencimentos quando esta deu entrada em requerimento solicitando noventa dias de licença, alegando encontrar-se em estado adiantado de gravidez. Ridicularizado, passou a ser destaque quase que diariamente no Diário da Manhã, jornal que dava conta dos atos da sua administração e que não lhe poupava críticas sobre a situação da educação no Estado.
QUADRO 1: Identificação de sergipanas que atuaram no magistério e outros espaços públicos, nas primeiras décadas do século XX. Nº
NOME
ESTADO CIVIL
PROFISSÃO
01
Rosa Moreira Frião
Casada
Professora
02
Antonia Angelina de Figueiredo Sa
Casada
Professora
03
Carlota Sales de Campos
Casada
Professora
04
Cesartina Regis
Casada
Farmacêutica e professora
05
Vivinha Sebrão
Casada
Escritora e poetisa
06
Guiomar Calazans Gonçalves
Casada
Odontóloga
07
Mª da Conceição Perdigão Ferraz (Concita Ferraz)
Solteira
Poetisa
08
Ítala Silva de Oliveira
Solteira
Professora/médica
09
Flora do Prado Maia
Casada
Romancista, cronista e poetisa
10
Maria Carmelita Cardoso Chagas
Casada
Professora
11
Maria da Conceição Melo Costa (Cecinha)
Casada
Professora
12
Etelvina Amália de Siqueira
Solteira
Professora
13
Eufrozina Amélia Guimarães (Zizinha Guimarães)
Solteira
Professora
14
Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro
Solteira
Professora
15
Norma Reis
Solteira
Professora
16
Genésia Fontes (D.Bebé)
Solteira
?
17
Leonor Telles de Menezes
Solteira
Professora
18
Pláceres Motta
Solteira
Poetisa
19
Maria Marieta Teles de Meneses
Solteira
Professora
20
Leyda Regis
Solteira
Professora
21
Maria Rita Soares de Andrade
Solteira
Professora/advogada/jornalista
22
Júlia Telles da Costa
Solteira
Professora
23
Maria Luiza Prado
Solteira
Professora e comerciária
24
Amália Soares de Andrade
Solteira
Poetisa
25
Francisca Marsillac Fontes (Sinhazinha)
Solteira
Odontóloga
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http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuais-coautorais/eixo02/Nivalda%20Menezes%20Santos%20-%20Texto.pdf
QUEM FOI A PROFESSORA JÚLIA TELES (1)
A REMUNERAÇÃO, OS CONCURSOS E ALGUNS PROFESSORES E PROFESSORAS: ASPECTOS DA PROFISSÃO DOCENTE NA HISTÓRIA DE ARACAJU IV
Como administrador da política educacional, José Calazans integrou a equipe do professor Arício Fortes, quando este dirigiu o Departamento de Educação, ocupando a função de Assistente Técnico. Apesar de mais conhecido que o técnico em política educacional, o historiador da educação José Calazans ainda não teve a sua obra devidamente analisada, não obstante ter sido pioneiro nesse campo.
O professor Josafá Brandão lecionou durante a primeira metade do século XX na Escola Normal. Era respeitado e temido nas suas aulas de Física e Química. Esta era a mesma imagem docente cultivada pelo professor Passos Cabral, responsável pelo ensino de Literatura.
Outros chamavam a atenção pelo fato de serem eruditos, como o professor José Augusto da Rocha Lima, técnico em educação da Diretoria de Instrução Pública e catedrático da Escola Normal, onde lecionava História Geral, Pedologia, Psicologia, Pedagogia e Língua Portuguesa. Rocha Lima foi padre e professor do Seminário de Aracaju, onde lecionou Francês, Latim, Português, História, Geografia, Exegese Bíblica e Teologia Dogmática. Fundou a Academia Santo Tomás de Aquino, que reunia intelectuais católicos e foi membro da Academia Sergipana de Letras. Diplomou-se em direito e abandonou a vida sacerdotal. No Atheneu Sergipense, Rocha Lima foi diretor e professor de Latim e Literatura, além de ter sido o primeiro presidente da Academia Sergipana de Letras e de haver presidido o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Como Helvécio de Andrade, Rocha Lima também tem sido objeto de poucos estudos por parte dos pesquisadores sergipanos de História da Educação. Entretanto, um foco de luz começa a ser lançado sobre ele, a partir da pesquisa que vem sendo desenvolvida no Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe pela professora Neide Sobral.
No mesmo período, na Escola Normal, Clóvis Conceição foi professor de Ciências; Acrísio Cruz lecionou Ciências Físicas e Naturais e foi diretor do Departamento de Educação[i]; e, Manoel Franco Freire, que lecionava Português, fora diretor da Instrução Pública.
Ao analisar a intelectualidade que atuava em Aracaju e em outras importantes cidades da Província de Sergipe, o pesquisador Jackson da Silva Lima estabeleceu a existência de dois grandes blocos que pontuavam em várias atividades, principalmente no campo da educação, a partir da segunda metade do século XIX até a metade do século XX: os espiritualistas e os cientificistas (LIMA, 1995). No bloco dos intelectuais espiritualistas ele elencou Brício Cardoso, Sancho Pimentel, o padre Olímpio Campos, José Nogueira, João Antonio Barreto, Francisco Antônio de Carvalho Lima Júnior, Domingos de Oliveira Ribeiro e outros. O Espiritualismo ganhou maior repercussão a partir do ano 1871, animado pelas idéias de Brício Cardoso.
No grupo dos cientificistas marcaram presença Guedes Cabral, os seguidores de Tobias Barreto e de Felisbelo Freire, além de figuras como Helvécio de Andrade, Rodrigues Dória e Gumercindo Bessa, Oliveira Telles, Prado Sampaio, Florentino Menezes, Adolpho Ávila Lima e Costa Filho, entre outros.
Um dos elementos centrais desse embate dizia respeito a difusão dos padrões de civilidade, a formação moral e o patriotismo. Assim, o ensino de religião era tido pelos espiritualistas como indispensável no conjunto das práticas escolares.
Este embate, contudo, não foi exceção no ambiente dos intelectuais da educação que atuavam na cidade de Aracaju. A disputa pela ocupação de espaços no campo dos intelectuais da educação se expressava como muito vigor, principalmente através da imprensa. Assim, embates como este foram comuns em outras oportunidades, envolvendo intelectuais que desfrutavam de muito prestígio. Os embates, muitas vezes, descambavam do campo meramente acadêmico e invadiam as questões pessoais. Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas analisou a polêmica que envolveu dois professores da Escola Normal: Ítala Silva de Oliveira e Helvécio de Andrade. Ambos já vinham manifestando várias divergências. Contudo, a polêmica se acirrou depois que o professor Clodomir Silva, tio de Ítala, sofreu o revés de uma reprovação em concurso público para o cargo de professor da Escola.
Ele havia prestado concurso na Escola Normal para cadeira de Português e, no entanto, a banca examinadora, formada pelas docentes Etelvina Amália de Siqueira, Norma Reis e Clotildes Machado aprovou, em primeiro lugar, a sobrinha de Quintina Diniz, Sylvia de Oliveira Ribeiro. Itala criticou severamente o resultado e a composição da banca (FREITAS, 2003b, 138).
Nos seus textos, Ítala faz uma reflexão a respeito dos padrões de escolarização feminina para criticar o corpo docente da Escola Normal e o seu diretor e desafeto, Helvécio de Andrade:
E notório e sabido que na Escola Normal de Aracajú o elemento do feminino sobrepuja o masculino. Isto deveria se constituir grande satisfação para as feministas. Com pesar, porém, eu digo, não se dá tal. Com raras e honrosas exceções as mulheres da Escola Normal do meu Estado constituem uma ridicularização para o feminismo. Certamente direis: com assim, si ali se acha o que Sergipe possui de melhor em intelectualidades? Isto é um mero engano. Haveis de ouvir, ali, professores que dizem, que vão ás aulas, domar feras, ou então vereis no meio de um silencio a voz de alguma professora dizer quando eu ver e licencia!!! E este é o estabelecimento de ensino onde se preparam as professoras dos vossos filhinhos, caros leitores. Também ali a calúnia tem seu santuário cuidadosamente erigido. Quem se não subordina àquela política, paga bem caro o seu tributo. A humilde escritora d'estas linhas também tem sido vítima dos caprichos d'aquele bloco, e principalmente do Diretor da Instrução Pública. Ao sabor da sua vontade s.s. tem movido contra mim uma guerra baixa. E porque? Em primeiro lugar porque externei o ano passado, pela imprensa a minha opinião sobre a conferencia de alguém com quem s.s. é desafiado. Depois porque sabe que, moça cheia de aspirações e desejos eu não me acho a par do grande movimento pedagógico moderno só por meio de revistas e jornais, e porque conhece que tive um professor de Pedagogia, de quem s.s. boas lições tem recebido, e que primus inter pares, soube me fazer compreender a missão nobilitante do educador contemporâneo da qual s.s. tem uma noção muito vaga. Esta é a razão porque esta luta vil é movida contra mim. Uma vez que isto saiu ao correr da pena cumpre me dizer que lhe tenho a consciência do meu valor próprio e a altivez necessária para em tempo oportuno mostrar lhe que o futuro é meu, porque estudo e creio no poder da instrução e do trabalho. Melhor seria que s.s. me tratasse leal e sinceramente como é dever de todo homem cortês e educado. (...) Não era, pois, de admirar que tendo um tal Diretor e mulheres sem capacidade o concurso tivesse o resultado que teve. Tirados da sua obscuridade para regerem cadeiras de matérias que nunca estudaram elas (as componentes da bandalheira) arbitrárias como são, em geral, as pessoas sem instrução, procederam da forma que todos já devem saber. Eis explicado o motivo porque no concurso da Escola Normal essas mulheres procederam de tão feio modo. Não pense, pois, mais ninguém que o que elas fizeram todas fazem, não, que quando a mulher ou o homem são educados e instruídos como devem, quando eles sabem aquilatar o valor dos demais não pela beleza física, ou pela riqueza, estes fatos não se dão. Si o feminismo só contasse no seu seio d'estes elementos, o seu triunfo seria sempre uma utopia, e a obra que milhares de cérebros conceberam, durante centenas de anos, ruiria por terra. Valha-nos a certeza de que estes maus elementos são anulados pelos esforços dos que sabem que é justiça, que é direito e que é instrução. Sejam eliminados, pois, os maus elementos, seja a sociedade livrada d'eles, porque o seu contagio é perigosíssimo. Chama-se a mulher para colaborar, mais diretamente, na obra social, mais isto só quando se lhe tiver dado boa educação e melhor instrução, e então não mais ver se á estes fatos se repetirem; não mais ter-se-á a lamentar certos procedimentos. Aqui, fica a minha defesa feita em nome do feminismo, sublime e nobre ideal que alimenta hoje uma grande parte da humanidade, e que promete abrir à mulher novos horizontes e melhores dias. Perdoai, caros leitores o ter dito duramente a verdade, mas assim era mister (OLIVEIRA, 1916, 1).
Etelvina Amália de Siqueira construiu uma imagem de altivez e austeridade, além da reconhecida competência técnica na disciplina que ministrava. Etelvina Amália de Siqueira nasceu em 1862. Fora aluna da Escola Normal quando esta ainda funcionava no Asilo Nossa Senhora Pureza, tendo obtido o seu diploma de professora em 1885. Além de professora catedrática de Português na Escola Normal era poetisa, contista e jornalista-abolicionista. Nesta última condição participou ativamente da campanha abolicionista, atuando na sociedade "Cabana do Pai Tomás", centro abolicionista que funcionou em Aracaju. Morreu em 1935.
Distinta é a trajetória da catedrática das Cadeiras de Psicologia e Pedagogia da Escola Normal, professora Quintina Diniz, também lembrada como importante intelectual da educação durante a primeira metade do século XX, em Aracaju. Além de professora e diretora do Colégio Sant'Ana, que funcionou até 1941, em 1934 ela foi eleita, através do Partido Social Democrático, como deputada estadual. Tendo sido a primeira mulher sergipana a ocupar um cargo eletivo e a única a participar de uma Assembléia Constituinte no Estado (PINA, 1987, 24).
Uma outra importante intelectual da educação em Aracaju durante a primeira metade do século XX era Penélope Magalhães dos Santos. Educada nos Estados Unidos da América, lecionou Inglês na Escola Normal por mais de quinze anos. Segundo a pesquisadora Ester Fraga Vilas Boas Carvalho do Nascimento,
Penélope (14/08/1886-1982) era laranjeirense, filha caçula de Mariana Magalhães, católica, e do Chefe de Polícia, Sr. Emídio. Um fato curioso foi que, apesar dos seus pais não serem casados civilmente, foram aceitos pela Igreja Presbiteriana de Laranjeiras. Como a Escola Americana oferecia aulas de música, a menina Penélope logo se interessou a aprender piano. Convidaram-na, em 1898, para estudar na Califórnia e, apesar de sua mãe não concordar com a sua ida, seu pai aprovou (NASCIMENTO, 2004).
Penélope permaneceu durante doze anos nos Estados Unidos, onde fez o curso pedagógico e o de Teologia. Quando retornou ao Brasil, em 1910, seu pai havia falecido e ela foi convidada a lecionar no Colégio de Ponte Nova, na Bahia. Lá, casou-se com o estudante Manoel Antonio dos Santos, com o qual teve três filhos: Martinho Lutero, Esdras e Lysias. Anos depois, ela assumiu a cátedra de Inglês na Escola Normal de Aracaju, ensinando também em outros colégios particulares[ii]. Sobre a professora Penélope, João Teles de Souza afirmou
que, embora membro da Igreja de Laranjeiras, mas quase que residindo na capital, em vista de sua função de professora de inglês na Escola Normal, muito contribuiu para o impulso maior na divulgação do Evangelho, principalmente entre os intelectuais da terra (SOUZA, s/d, 15).
Maria Rita Soares de Andrade considerou a professora Penélope Magalhães a mulher mais erudita de Sergipe.
Educada no centro fértil e liberal que é a América do Norte, D. Penélope trouxe para o seu Estado um vasto cabedal, que aqui transfunde altruisticamente a quantos buscam ensinamentos no seu talento e na sua cultura. Nunca publicou livros. Mas podemos afirmar que os teria de certo publicado, se outras fossem as circunstâncias do nosso meio, se não nos fosse a vida tão dificultosa. É um espírito sumamente adiantado, e maneja com habilidade o português, o francês, e o inglês - idioma em que é a mestra dos mestres (ANDRADE, 1929, 153).
Penélope Magalhães foi a primeira diretora do Jardim de Infância Augusto Maynard, inaugurado na cidade de Aracaju no início da década de 30 do século passado. Na década de 40 do mesmo século ela mudou-se de Aracaju[iii] (NASCIMENTO, 2004).
Jovina Moreira de Carvalho, era uma professora formada pela Escola Normal do Estado de São Paulo que dirigiu a Escola Americana de Aracaju em 1908[iv] (NASCIMENTO, 2004).
Gertrudes Torres de Souza (1905-1993) foi professora da Escola Normal, ensinando Psicologia da Educação e Práticas de Ensino no Curso de Aperfeiçoamento. Sob a sua orientação, a Escola Normal abriu uma turma de educação infantil destinada a ao estágio das alunas[v] (NASCIMENTO, 2004).
A passagem da primeira para a segunda metade do mesmo século foi marcada pela atuação de outras intelectuais como a professora Glorita Portugal, que também atuava na Escola de Comércio, Leonor Telles de Menezes, Júlia Teles Costa e Ceicinha Melo.
Esta última obteve a sua formação como professora na própria Escola Normal e concluiu o curso aos dezesseis anos de idade. Ensinava Literatura e Moral e Cívica na Escola Normal e foi fundadora e primeira presidente da Legião Feminina de Combate ao Câncer, além de sócia fundadora da Sociedade de Cultura Artística de Sergipe. Era poetisa e foi paraninfa das turmas de formandas dos anos de 1943 e 1946 (PINA, 1994, 339). Dentre outras professoras da Escola Normal nesse período estão Luísa Paes Guedes e Sílvia de Oliveira Ribeiro Diniz, de Português; Leonísia Fortes, de Aritmética; Clotilde Machado, de Álgebra; Judith de Oliveira Ribeiro, de Corografia Geral; Carmem Souza, de Corografia do Brasil; Amélia Cardoso, de Francês; Edila Sousa, de Desenho; Zinah Montes, de Trabalhos Manuais; Mariana Braga, de Geometria; Mariana Diniz, de Filenila Nascimento e Maria da Conceição Sobral, de Música; e, Eloah Passos, de Ginástica.
NOTAS
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[i] Cargo que equivale atualmente ao de secretário de Estado da Educação.
[ii] Cf. Diário da Manhã. Aracaju, 25 de janeiro de 1916. Nº. 1411. p. 03; 2 de fevereiro de 1916. Nº. 1418. p. 03.
[iii] No início dos anos 40 do século XX, o Reverendo Antonio dos Santos, seu marido, foi transferido para Itabuna, levando consigo a família. Depois da morte do Reverendo Antonio dos Santos, a professora Penélope foi morar no Rio de Janeiro, onde anos mais tarde faleceu.
[iv] Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento revela que após a saída de Anne Belle Mc Pherson de Sergipe, em 1905, só localizou dois anúncios de abertura do ano letivo da Escola Americana, sob a direção da professora Jovina Moreira: Correio de Aracaju. Aracaju, 17 de janeiro de 1907. Nº. 22, p. 03; Correio de Aracaju. Aracaju, 26 de janeiro de 1908. Nº. 126, p. 04.
[v] Seu marido, o presbítero João Teles de Souza, se candidatou a deputado estadual pela UDN, recebendo de Leandro Maciel o colégio eleitoral de Ribeirópolis. Ficou na suplência e assumiu posteriormente, num acordo feito com o governador José Rollemberg Leite. Mas, numa atitude de retaliação, a professora Gertrudes foi transferida pelo professor Acrísio Cruz, Secretário de Educação, para lecionar numa pequena escola com um mínimo de infra-estrutura.
Como administrador da política educacional, José Calazans integrou a equipe do professor Arício Fortes, quando este dirigiu o Departamento de Educação, ocupando a função de Assistente Técnico. Apesar de mais conhecido que o técnico em política educacional, o historiador da educação José Calazans ainda não teve a sua obra devidamente analisada, não obstante ter sido pioneiro nesse campo.
O professor Josafá Brandão lecionou durante a primeira metade do século XX na Escola Normal. Era respeitado e temido nas suas aulas de Física e Química. Esta era a mesma imagem docente cultivada pelo professor Passos Cabral, responsável pelo ensino de Literatura.
Outros chamavam a atenção pelo fato de serem eruditos, como o professor José Augusto da Rocha Lima, técnico em educação da Diretoria de Instrução Pública e catedrático da Escola Normal, onde lecionava História Geral, Pedologia, Psicologia, Pedagogia e Língua Portuguesa. Rocha Lima foi padre e professor do Seminário de Aracaju, onde lecionou Francês, Latim, Português, História, Geografia, Exegese Bíblica e Teologia Dogmática. Fundou a Academia Santo Tomás de Aquino, que reunia intelectuais católicos e foi membro da Academia Sergipana de Letras. Diplomou-se em direito e abandonou a vida sacerdotal. No Atheneu Sergipense, Rocha Lima foi diretor e professor de Latim e Literatura, além de ter sido o primeiro presidente da Academia Sergipana de Letras e de haver presidido o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Como Helvécio de Andrade, Rocha Lima também tem sido objeto de poucos estudos por parte dos pesquisadores sergipanos de História da Educação. Entretanto, um foco de luz começa a ser lançado sobre ele, a partir da pesquisa que vem sendo desenvolvida no Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe pela professora Neide Sobral.
No mesmo período, na Escola Normal, Clóvis Conceição foi professor de Ciências; Acrísio Cruz lecionou Ciências Físicas e Naturais e foi diretor do Departamento de Educação[i]; e, Manoel Franco Freire, que lecionava Português, fora diretor da Instrução Pública.
Ao analisar a intelectualidade que atuava em Aracaju e em outras importantes cidades da Província de Sergipe, o pesquisador Jackson da Silva Lima estabeleceu a existência de dois grandes blocos que pontuavam em várias atividades, principalmente no campo da educação, a partir da segunda metade do século XIX até a metade do século XX: os espiritualistas e os cientificistas (LIMA, 1995). No bloco dos intelectuais espiritualistas ele elencou Brício Cardoso, Sancho Pimentel, o padre Olímpio Campos, José Nogueira, João Antonio Barreto, Francisco Antônio de Carvalho Lima Júnior, Domingos de Oliveira Ribeiro e outros. O Espiritualismo ganhou maior repercussão a partir do ano 1871, animado pelas idéias de Brício Cardoso.
No grupo dos cientificistas marcaram presença Guedes Cabral, os seguidores de Tobias Barreto e de Felisbelo Freire, além de figuras como Helvécio de Andrade, Rodrigues Dória e Gumercindo Bessa, Oliveira Telles, Prado Sampaio, Florentino Menezes, Adolpho Ávila Lima e Costa Filho, entre outros.
Um dos elementos centrais desse embate dizia respeito a difusão dos padrões de civilidade, a formação moral e o patriotismo. Assim, o ensino de religião era tido pelos espiritualistas como indispensável no conjunto das práticas escolares.
Este embate, contudo, não foi exceção no ambiente dos intelectuais da educação que atuavam na cidade de Aracaju. A disputa pela ocupação de espaços no campo dos intelectuais da educação se expressava como muito vigor, principalmente através da imprensa. Assim, embates como este foram comuns em outras oportunidades, envolvendo intelectuais que desfrutavam de muito prestígio. Os embates, muitas vezes, descambavam do campo meramente acadêmico e invadiam as questões pessoais. Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas analisou a polêmica que envolveu dois professores da Escola Normal: Ítala Silva de Oliveira e Helvécio de Andrade. Ambos já vinham manifestando várias divergências. Contudo, a polêmica se acirrou depois que o professor Clodomir Silva, tio de Ítala, sofreu o revés de uma reprovação em concurso público para o cargo de professor da Escola.
Ele havia prestado concurso na Escola Normal para cadeira de Português e, no entanto, a banca examinadora, formada pelas docentes Etelvina Amália de Siqueira, Norma Reis e Clotildes Machado aprovou, em primeiro lugar, a sobrinha de Quintina Diniz, Sylvia de Oliveira Ribeiro. Itala criticou severamente o resultado e a composição da banca (FREITAS, 2003b, 138).
Nos seus textos, Ítala faz uma reflexão a respeito dos padrões de escolarização feminina para criticar o corpo docente da Escola Normal e o seu diretor e desafeto, Helvécio de Andrade:
E notório e sabido que na Escola Normal de Aracajú o elemento do feminino sobrepuja o masculino. Isto deveria se constituir grande satisfação para as feministas. Com pesar, porém, eu digo, não se dá tal. Com raras e honrosas exceções as mulheres da Escola Normal do meu Estado constituem uma ridicularização para o feminismo. Certamente direis: com assim, si ali se acha o que Sergipe possui de melhor em intelectualidades? Isto é um mero engano. Haveis de ouvir, ali, professores que dizem, que vão ás aulas, domar feras, ou então vereis no meio de um silencio a voz de alguma professora dizer quando eu ver e licencia!!! E este é o estabelecimento de ensino onde se preparam as professoras dos vossos filhinhos, caros leitores. Também ali a calúnia tem seu santuário cuidadosamente erigido. Quem se não subordina àquela política, paga bem caro o seu tributo. A humilde escritora d'estas linhas também tem sido vítima dos caprichos d'aquele bloco, e principalmente do Diretor da Instrução Pública. Ao sabor da sua vontade s.s. tem movido contra mim uma guerra baixa. E porque? Em primeiro lugar porque externei o ano passado, pela imprensa a minha opinião sobre a conferencia de alguém com quem s.s. é desafiado. Depois porque sabe que, moça cheia de aspirações e desejos eu não me acho a par do grande movimento pedagógico moderno só por meio de revistas e jornais, e porque conhece que tive um professor de Pedagogia, de quem s.s. boas lições tem recebido, e que primus inter pares, soube me fazer compreender a missão nobilitante do educador contemporâneo da qual s.s. tem uma noção muito vaga. Esta é a razão porque esta luta vil é movida contra mim. Uma vez que isto saiu ao correr da pena cumpre me dizer que lhe tenho a consciência do meu valor próprio e a altivez necessária para em tempo oportuno mostrar lhe que o futuro é meu, porque estudo e creio no poder da instrução e do trabalho. Melhor seria que s.s. me tratasse leal e sinceramente como é dever de todo homem cortês e educado. (...) Não era, pois, de admirar que tendo um tal Diretor e mulheres sem capacidade o concurso tivesse o resultado que teve. Tirados da sua obscuridade para regerem cadeiras de matérias que nunca estudaram elas (as componentes da bandalheira) arbitrárias como são, em geral, as pessoas sem instrução, procederam da forma que todos já devem saber. Eis explicado o motivo porque no concurso da Escola Normal essas mulheres procederam de tão feio modo. Não pense, pois, mais ninguém que o que elas fizeram todas fazem, não, que quando a mulher ou o homem são educados e instruídos como devem, quando eles sabem aquilatar o valor dos demais não pela beleza física, ou pela riqueza, estes fatos não se dão. Si o feminismo só contasse no seu seio d'estes elementos, o seu triunfo seria sempre uma utopia, e a obra que milhares de cérebros conceberam, durante centenas de anos, ruiria por terra. Valha-nos a certeza de que estes maus elementos são anulados pelos esforços dos que sabem que é justiça, que é direito e que é instrução. Sejam eliminados, pois, os maus elementos, seja a sociedade livrada d'eles, porque o seu contagio é perigosíssimo. Chama-se a mulher para colaborar, mais diretamente, na obra social, mais isto só quando se lhe tiver dado boa educação e melhor instrução, e então não mais ver se á estes fatos se repetirem; não mais ter-se-á a lamentar certos procedimentos. Aqui, fica a minha defesa feita em nome do feminismo, sublime e nobre ideal que alimenta hoje uma grande parte da humanidade, e que promete abrir à mulher novos horizontes e melhores dias. Perdoai, caros leitores o ter dito duramente a verdade, mas assim era mister (OLIVEIRA, 1916, 1).
Etelvina Amália de Siqueira construiu uma imagem de altivez e austeridade, além da reconhecida competência técnica na disciplina que ministrava. Etelvina Amália de Siqueira nasceu em 1862. Fora aluna da Escola Normal quando esta ainda funcionava no Asilo Nossa Senhora Pureza, tendo obtido o seu diploma de professora em 1885. Além de professora catedrática de Português na Escola Normal era poetisa, contista e jornalista-abolicionista. Nesta última condição participou ativamente da campanha abolicionista, atuando na sociedade "Cabana do Pai Tomás", centro abolicionista que funcionou em Aracaju. Morreu em 1935.
Distinta é a trajetória da catedrática das Cadeiras de Psicologia e Pedagogia da Escola Normal, professora Quintina Diniz, também lembrada como importante intelectual da educação durante a primeira metade do século XX, em Aracaju. Além de professora e diretora do Colégio Sant'Ana, que funcionou até 1941, em 1934 ela foi eleita, através do Partido Social Democrático, como deputada estadual. Tendo sido a primeira mulher sergipana a ocupar um cargo eletivo e a única a participar de uma Assembléia Constituinte no Estado (PINA, 1987, 24).
Uma outra importante intelectual da educação em Aracaju durante a primeira metade do século XX era Penélope Magalhães dos Santos. Educada nos Estados Unidos da América, lecionou Inglês na Escola Normal por mais de quinze anos. Segundo a pesquisadora Ester Fraga Vilas Boas Carvalho do Nascimento,
Penélope (14/08/1886-1982) era laranjeirense, filha caçula de Mariana Magalhães, católica, e do Chefe de Polícia, Sr. Emídio. Um fato curioso foi que, apesar dos seus pais não serem casados civilmente, foram aceitos pela Igreja Presbiteriana de Laranjeiras. Como a Escola Americana oferecia aulas de música, a menina Penélope logo se interessou a aprender piano. Convidaram-na, em 1898, para estudar na Califórnia e, apesar de sua mãe não concordar com a sua ida, seu pai aprovou (NASCIMENTO, 2004).
Penélope permaneceu durante doze anos nos Estados Unidos, onde fez o curso pedagógico e o de Teologia. Quando retornou ao Brasil, em 1910, seu pai havia falecido e ela foi convidada a lecionar no Colégio de Ponte Nova, na Bahia. Lá, casou-se com o estudante Manoel Antonio dos Santos, com o qual teve três filhos: Martinho Lutero, Esdras e Lysias. Anos depois, ela assumiu a cátedra de Inglês na Escola Normal de Aracaju, ensinando também em outros colégios particulares[ii]. Sobre a professora Penélope, João Teles de Souza afirmou
que, embora membro da Igreja de Laranjeiras, mas quase que residindo na capital, em vista de sua função de professora de inglês na Escola Normal, muito contribuiu para o impulso maior na divulgação do Evangelho, principalmente entre os intelectuais da terra (SOUZA, s/d, 15).
Maria Rita Soares de Andrade considerou a professora Penélope Magalhães a mulher mais erudita de Sergipe.
Educada no centro fértil e liberal que é a América do Norte, D. Penélope trouxe para o seu Estado um vasto cabedal, que aqui transfunde altruisticamente a quantos buscam ensinamentos no seu talento e na sua cultura. Nunca publicou livros. Mas podemos afirmar que os teria de certo publicado, se outras fossem as circunstâncias do nosso meio, se não nos fosse a vida tão dificultosa. É um espírito sumamente adiantado, e maneja com habilidade o português, o francês, e o inglês - idioma em que é a mestra dos mestres (ANDRADE, 1929, 153).
Penélope Magalhães foi a primeira diretora do Jardim de Infância Augusto Maynard, inaugurado na cidade de Aracaju no início da década de 30 do século passado. Na década de 40 do mesmo século ela mudou-se de Aracaju[iii] (NASCIMENTO, 2004).
Jovina Moreira de Carvalho, era uma professora formada pela Escola Normal do Estado de São Paulo que dirigiu a Escola Americana de Aracaju em 1908[iv] (NASCIMENTO, 2004).
Gertrudes Torres de Souza (1905-1993) foi professora da Escola Normal, ensinando Psicologia da Educação e Práticas de Ensino no Curso de Aperfeiçoamento. Sob a sua orientação, a Escola Normal abriu uma turma de educação infantil destinada a ao estágio das alunas[v] (NASCIMENTO, 2004).
A passagem da primeira para a segunda metade do mesmo século foi marcada pela atuação de outras intelectuais como a professora Glorita Portugal, que também atuava na Escola de Comércio, Leonor Telles de Menezes, Júlia Teles Costa e Ceicinha Melo.
Esta última obteve a sua formação como professora na própria Escola Normal e concluiu o curso aos dezesseis anos de idade. Ensinava Literatura e Moral e Cívica na Escola Normal e foi fundadora e primeira presidente da Legião Feminina de Combate ao Câncer, além de sócia fundadora da Sociedade de Cultura Artística de Sergipe. Era poetisa e foi paraninfa das turmas de formandas dos anos de 1943 e 1946 (PINA, 1994, 339). Dentre outras professoras da Escola Normal nesse período estão Luísa Paes Guedes e Sílvia de Oliveira Ribeiro Diniz, de Português; Leonísia Fortes, de Aritmética; Clotilde Machado, de Álgebra; Judith de Oliveira Ribeiro, de Corografia Geral; Carmem Souza, de Corografia do Brasil; Amélia Cardoso, de Francês; Edila Sousa, de Desenho; Zinah Montes, de Trabalhos Manuais; Mariana Braga, de Geometria; Mariana Diniz, de Filenila Nascimento e Maria da Conceição Sobral, de Música; e, Eloah Passos, de Ginástica.
NOTAS
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[i] Cargo que equivale atualmente ao de secretário de Estado da Educação.
[ii] Cf. Diário da Manhã. Aracaju, 25 de janeiro de 1916. Nº. 1411. p. 03; 2 de fevereiro de 1916. Nº. 1418. p. 03.
[iii] No início dos anos 40 do século XX, o Reverendo Antonio dos Santos, seu marido, foi transferido para Itabuna, levando consigo a família. Depois da morte do Reverendo Antonio dos Santos, a professora Penélope foi morar no Rio de Janeiro, onde anos mais tarde faleceu.
[iv] Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento revela que após a saída de Anne Belle Mc Pherson de Sergipe, em 1905, só localizou dois anúncios de abertura do ano letivo da Escola Americana, sob a direção da professora Jovina Moreira: Correio de Aracaju. Aracaju, 17 de janeiro de 1907. Nº. 22, p. 03; Correio de Aracaju. Aracaju, 26 de janeiro de 1908. Nº. 126, p. 04.
[v] Seu marido, o presbítero João Teles de Souza, se candidatou a deputado estadual pela UDN, recebendo de Leandro Maciel o colégio eleitoral de Ribeirópolis. Ficou na suplência e assumiu posteriormente, num acordo feito com o governador José Rollemberg Leite. Mas, numa atitude de retaliação, a professora Gertrudes foi transferida pelo professor Acrísio Cruz, Secretário de Educação, para lecionar numa pequena escola com um mínimo de infra-estrutura.
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