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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Cotas na UFS: Inversão de trajetórias e o jeitinho brasileiro

Magson Melo Santos - 09/02/2010

Com a matrícula dos aprovados no primeiro Vestibular cotizado da Universidade Federal Sergipe, muitos se deram conta de que houve uma acentuada mudança no mecanismo de ingresso na UFS. A partir de agora, e por no mínimo 10 anos, existirá uma reserva de vagas de 50% para estudantes egressos de escolas públicas e dentro desse percentual respeitar-se-á a composição étnica do Estado de Sergipe.

A comissão que elaborou o projeto de Ações Afirmativas da UFS, hoje uma realidade institucional, se deparou com posições conservantistas tanto dentro, como fora da UFS. No entanto, essa comissão seguiu em frente discutindo e redigindo uma proposta durante seis meses. E o resultado foi a aprovação com votação favorável de mais de 90% dos conselheiros do CONEPE- Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFS.

A divulgação das listas dos aprovados contemplou quatro grupos: o A não cotizado, o B cotizado para autodeclarados brancos e egressos de escolas públicas, o C para autodeclarados pretos, pardos e índios também egressos de escolas públicas e o grupo D para portadores de necessidades educacionais especiais.

Logo surgiram questionamentos, ações na Justiça, a “revolta” dos privilegiados que teriam “perdido seu espaço”. Mas também surgiu a alegria de estudantes de origem popular que conquistaram uma vaga na tão sonhada UFS, pessoas que inverteram suas trajetórias de vida para encontrar o seu espaço acadêmico.

Os questionamentos jurídicos ao sistema de cotas da UFS utilizaram em sua maioria argumentos fracos, e por isso não prosperaram. Por exemplo, um dos mandados segurança afirmava que a UFS feriu a Constituição ao instituir o sistema de cotas, no entanto, a autonomia universitária é garantida constitucionalmente; outro mandado afirmava que a UFS não tinha competência para editar normas sobre cotas, sendo que a instituição tem sim competência para elaborar seus próprios atos administrativos, mais conhecidos como atos de gestão, inclusive no que tange ao ingresso de seus discentes.

Dezenas de estudantes “perderam” a vaga durante a matrícula porque não comprovaram ter estudado os três anos do ensino médio e mais quatro do ensino fundamental em escolas públicas. Isto é, se inscreveram pelas cotas, quando não tinham direito a elas, talvez pensaram que “dariam um jeitinho” para entrar na UFS.

No entanto, enganaram-se, as pessoas que fizeram a matrícula estavam treinadas para identificar qualquer fraude e indeferir a matrícula, foi o que aconteceu. Mas, queriam dar um jeitinho de qualquer forma: quem sabe gritar com a diretora da matrícula, ir ao rádio, falar no jornal nacional, entrar na justiça, como essas estratagemas não vingaram, o caminho mais certo será estudar mais um ano e se contentarem com as vagas de seus respectivos grupos.

O que há de novo nas cotas é a percepção de que meritocracia e justiça social podem andar juntas, afinal não é qualquer estudante de escola pública que entrou na UFS, quem passou foram os alunos mais aplicados, inclusive muitos teriam entrado mesmo sem cotas. Essa disputa por grupos, também é meritocrática, sendo que se mostra mais justa por permitir que vagas sejam disponibilizadas para pessoas que pelo “vestibular tradicional” teriam pouca ou quase nenhuma chance de entrar na UFS, principalmente nos cursos mais disputados como Direito e Medicina.

Algumas histórias de superação e de inversão de trajetórias dos aprovados pelo sistema de cotas chamam a atenção: como a de uma doméstica de Laranjeiras, que tinha parado de estudar há dezesseis anos e passou para pedagogia; a do filho de uma agricultora de Itabi que passou para Direito, a do filho de um padeiro de Alagadiço, povoado de Frei Paulo que passou para Medicina, a do filho de uma gari de Cedro de São João que passou para Engenharia Química; e essa é uma ínfima amostra das milhares de vidas que tiveram suas trajetórias transformadas com a adoção das ações afirmativas pela UFS.

Como não se emocionar, diante de tais histórias de luta e vitória, como não torcer para que eles vençam, como não acreditar que em um futuro próximo teremos uma sociedade mais justa. A lição que fica é a de que jamais o Brasil se tornaria o país do futuro, se continuássemos com as pouco questionadas práticas do passado.


Currículo
Bacharel em Direito pela UFS e Representante discente da Comissão do PAAF- Programa de Ações Afirmativas da UFS.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Neta de Jorge Amado faz leitura com roupagem pop do romance "Capitães da Areia"

ALYSSON OLIVEIRA

Fonte: Especial para o UOL, do Cineweb

Em meados da década de 1990, quando se decidiu por trabalhar com cinema, Cecília Amado ouviu uma confissão de seu avô, o escritor baiano Jorge Amado. “Ele me contou que estava muito feliz porque sempre teve vontade de ser cineasta. Talvez por isso os livros dele sejam sempre tão cinematográficos”, lembrou a diretora ao UOL Cinema, do Rio de Janeiro, onde ela finaliza a adaptação de “Capitães da Areia”, prevista para estrear nos cinemas brasileiros em setembro.
Com vasta experiência como assistente de direção em cinema (“Batismo de Sangue”) e televisão (a série “Cidade dos homens” e novelas como “Da cor do pecado” e “Mulheres apaixonadas”), Cecília estreia na direção de longas exatamente com a adaptação desse livro, que é uma das obras mais famosas do avô, morto em 2001. “É um livro que marcou minha geração, a geração dos meus pais. É um romance que marcou a adolescência de muita gente porque descreve muito bem essa fase da vida, falando da liberdade, das descobertas”.

Desde o começo da década, quando, no Rio de Janeiro, viu uma adaptação para o teatro do mesmo romance, Cecília percebeu que poderia levar o livro para o cinema. “Tinha uma energia a história daqueles jovens. Eu pensei como seria bom levar a história de volta para Salvador, com as cores e a cultura da cidade, seria fantástico”. O filme entrou em produção apenas em 2006 com Hilton Lacerda (“A festa da menina morta”, “Baixio das Bestas”) assinando um primeiro tratamento do roteiro.

“Eu sabia muito bem o que queria e o Hilton me ajudou a criar o corpo do filme. O livro [publicado em 1937] foi escrito por um Jorge Amado de 20 e poucos anos. Era praticamente outra pessoa, não o meu avô que eu conheci. Tive que fazer algumas adaptações, deixar algumas coisas de fora. Não tive pudor de abrir mão de questões que soavam datadas”, explica.

Apesar de ser um dos livros mais famosos de Jorge Amado, “Capitães da Areia” teve apenas uma adaptação para o cinema (“The sandpit generals”, no original), assinada por Hall Barllet, em 1971. Segundo Cecília, o filme nunca foi lançado comercialmente no Brasil, mas foi um grande sucesso na União Soviética. “É possível encontrar clipes na internet desse filme. É engraçado ver atores estrangeiros fazendo personagens que são tão brasileiros, ou ouvir o Dorival Caymmi dublado em russo”, diverte-se.


Ao longo dos anos, diversos cineastas tentaram adaptar “Capitães da Areia”, mas, por um motivo ou outro, nunca deu certo. Além do filme de Barllet, a obra foi levada para a televisão, no final dos anos de 1980, sob a direção de Walter Lima Jr. (“Menino de Engenho”). Desde que decidiu que ia rodar o livro, Cecília garantiu os direitos. “Quando resolvi que seria meu, ninguém podia tirar de mim”.

Para sua adaptação, no entanto, Cecília queria muita brasilidade na tela, a começar pelo elenco. “Eu pensava muito em trabalhar com não-atores, o que já foi provado que, para filmes como esse, pode ser uma escolha bastante interessante, como em ‘Pixote – A lei do mais fraco’ (1981) e ‘Cidade de Deus’ (2002).” Para encontrar os intérpretes certos, a diretora contou com a ajuda de diversas ONGs de Salvador. Dentro de um universo de mais de mil jovens, selecionou 90 para uma oficina e, destes, pouco mais de uma dezena para fazer “Capitães da Areia”.

O filme foi rodado em 3 etapas diferentes, ao longo de seis meses, o que deu um total de 9 semanas. “Foi um processo interessante, em que pudemos acompanhar o crescimento físico dos atores, que tinham a mesma média de idade dos personagens, em torno de 14 ou 15 anos. Eles trouxeram muitas de suas vivências para o filme, por isso eu dei espaço para muita improvisação”. A narrativa acompanha os personagens por um período de um ano, entre duas festas de Iemanjá.

Para Cecília, o livro está impregnado no imaginário popular de forma muito forte. “Praticamente todo mundo conhece ‘Capitães da Areia’. Muita gente leu, outros conhecem pelo menos a história”. Por isso, era preciso buscar uma nova roupagem para a adaptação. “Eu não queria fazer um filme contemporâneo, pois as questões envolvendo menores abandonados hoje em dia são outras. Acho que o tráfico teria uma presença muito forte no filme e tiraria o foco do meu tema, que é a origem do problema do menor abandonado”.

Para isso, a diretora resolveu situar a ação da trama 20 anos depois da original, ou seja, na década de 1950. “Essa é uma época em que Salvador cresceu e se modernizou muito. Cinematograficamente também é mais interessante, o visual, as cores são mais bonitas”. Durante as pesquisas de locação, Cecília e sua equipe constataram que a cidade, na verdade, não é tão preservada quando se pensa. “Há muitos lugares que conservam as construções históricas, mas sempre há algo destoando. É praticamente impossível encontrar quatro casinhas coloniais uma ao lado da outra”.

Buscando comunicar-se com seu público-alvo, ou seja, os jovens, Cecília conta que optou por uma leitura pop do universo do romance de Jorge Amado. A trilha sonora, por exemplo, é composta por Carlinhos Brown, e segundo a diretora, colabora para um quê de contemporâneo dentro de um filme de época. “O Carlinhos é um músico conhecido no mundo todo. Ele sabe falar com os jovens, com os adultos. Acredito que a trilha dele vai ajudar nesse processo de comunicação com o público”.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

UMA GRANDE PREOCUPAÇÃO!É isto mesmo, começaremos esta edição deste aperiódico externando, logo de cara, uma grande preocupação.É o seguinte:Fizemos de 1º a 4 deste mês de fevereiro a Matrícula Institucional dos calouros aprovados no PSS 2010 para os campi de São Cristóvão, da Saúde e de Laranjeiras.Vários candidatos que se inscreveram como cotistas não conseguiram demonstrar, conforme edital do PSS 2010, que tinham cursado 100% do Ensino Médio e pelo menos 4 séries do Ensino Fundamental em escolas das redes públicas municipal, estadual ou federal de ensino.Tivemos casos de candidatos que cursaram escolas como Chesf e Fundação Bradesco, por exemplo, que não são fazem parte da rede pública de ensino.Tivemos também vários casos de candidatos que cursaram escolas públicas, foram reprovados em alguma disciplina e cursaram, posteriormente, esta disciplina em escola particular, o que faz com que o candidato saia da condição de ter cursado os 100% do Ensino Médio na rede pública de ensino.Aconteceram também casos de pessoas que cursaram, como bolsistas, escolas particulares, o que fura, também, a exigência dos 100% do Ensino Médio na rede pública de ensino.É uma pena, mas este pessoal não pôde se matricular E MUITOS EXCEDENTES SERÃO CHAMADOS PARA OCUPAR AS VAGAS deixadas por eles, e é daí que vem nossa grande preocupação e UM PEDIDO DE AJUDA DE TODOS VOCÊS.A relação dos excedentes que serão chamados para ocupar as vagas será publicada no site do DAA no próximo dia 13 de fevereiro, sábado de Zé Pereira, e o pessoal relacionado deverá comparecer ao DAA para fazer a Matrícula Institucional até o dia 22/02.Quem não comparecer até esta data, CRÉU!, perde a vaga e nova relação de excedentes será divulgada no dia 24/02.E o nosso pedido de ajuda é para que todos você colaborem na divulgação destas informações.Como?Transmite pro teu amigo, amiga, irmão, irmã, esposa ou marido, amante ou caso, e demais pessoas do teu círculo de amizade estas informações.Pede que eles divulguem que os excedentes devem estar de olho no site do DAA para conferir a lista de excedentes que serão chamados pra ocupar vagas (costumo chamá-los de Ex-Excedentes), e fala pra eles providenciarem logo, mesmo antes de sair a lista, a documentação necessária que tá lá no site.Vê se convence a figura de que, mesmo se não der pra entrar na UFS agora, a documentação já fica lá prontinha pro vestibular do ano que vem.Bobeira é perder a vaga por falta de documentação.RESSALTAMOS QUE PARA OCUPAR A VAGA É INDISPENSÁVEL, PARA TODOS, O HISTÓRICO ESCOLAR DO ENSINO MÉDIO.PARA O PESSOAL QUE PARTICIPOU COMO COTISTA É OBRIGATÓRIA, TAMBÉM, A APRESENTAÇÃO DO HISTÓRICO DO ENSINO FUNDAMENTAL.EM NENHUM DESTES CASOS DECLARAÇÃO DE CONCLUSÃO SERVE.TEM QUE SER MESMO O(S) HISTÓRICO(S).
Pág. eletrônica do DAA: www.daa.ufs.br
Prof. Antônio Edilson do NascimentoDiretor do Departamento de Administração Acadêmica - DAAPROGRAD - UFSTels.: (0xx79) 2105-6507FAX: (0xx79) 2105-6570E-mail: edilson@ufs.br

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Adolescentes escrevem livros inteiros em comunidade do Orkut

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da Folha de S. Paulo
Douglas, 16, está escrevendo o último livro de sua trilogia. Maria Eugênia, 14, acaba de terminar o seu primeiro romance e já começou a redigir o segundo. Nilsen, 18, está revisando o seu livro de estreia e, enquanto não o publica, abastece seus leitores com contos.

Integrantes de uma geração que parecia fadada a trocar a leitura pelo bate-papo no computador, os três adolescentes fazem parte de uma turma que decidiu unir tecnologia e literatura e hoje escreve mais que muito autor profissional.

Enquanto não caem nas graças de uma editora, eles colocam os textos em uma comunidade no Orkut que já tem mais de 3.000 participantes.

Criada há dois anos, a comunidade Nossos Romances Adolescentes tornou-se quase uma incubadora de jovens autores. No site de relacionamentos, eles publicam os livros em capítulos, que são lidos e comentados pelos outros participantes, quase todos escritores.

Estudante de jornalismo, Nilsen Silva é a dona da comunidade e, com a ajuda de outros mediadores, decide o que será publicado. Douglas Marques é um dos escritores mais festejados. Ele afirma que "Nebulosa", o primeiro livro da trilogia, já foi baixado umas 600 vezes.

Leitoras

Maria Eugênia Geve reúne leitores --na maioria garotas-- de nove a 20 anos, que adoram comentar as aventuras da sonhadora Sofia em "Missão Princesa", de mais de 400 páginas. Em seu segundo livro, "Refugo du Soleil", a mocinha é "a mais desiludida das desiludidas", segundo Maria Eugênia.

Em comum, além do gosto pela leitura e do sonho de ganhar a vida escrevendo, os três jovens contam que, escrevendo os textos, melhoraram em gramática, ortografia e estilo.

A evolução foi notada pela professora de português de Maria Eugênia no Pueri Domus. "Ela gosta muito de ler e isso se reflete na escrita dela", diz Regiane Magalhães.

Luciana Ruffo, do NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática) da PUC-SP, lembra que uma das funções dos sites de relacionamentos é a educativa, na medida em que as comunidades aproximam pessoas que têm um mesmo interesse, sobre o qual passam informações umas para as outras.

No entanto o uso da redes sociais no ensino formal, nas escolas, ainda não é muito disseminado, segundo especialistas em educação consultados.

Escritas diferentes

"Há um distanciamento entre o que a escola pede [como produção literária] e a escrita real", que é aquela que faz parte do cotidiano dos alunos, seja na internet ou no papel, afirma Ezequiel Theodoro da Silva, professor-colaborador voluntário da Faculdade de Educação da Unicamp e criador do site Leitura Crítica.

Ataliba de Castilho, linguista e consultor do Museu da Língua Portuguesa, completa: "Hoje as crianças escrevem muito mais do que antes, por um estímulo próprio. Isso vai contra quem diz que a internet vai acabar com a escrita."

No caso de Igor Ferreira, 29, a internet se tornou um poderoso meio para divulgar seus poemas e contos. Criado em 2005, o seu e-book de poesias "Palavras-Chave" já teve milhares de downloads.

O técnico de informática e escritor amador também publica seus textos em blogs. "A internet permite que as pessoas quebrem o paradigma das editoras."

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